FUNDAÇÃO: Guarantã do Norte 38 anos depois

Considerada a porta de entrada da região Oeste do Pará em Mato Grosso, Guarantã do Norte se situa na divisa dos dois estados e distante 1.000 quilômetros de Santarém. Essa localização foi decisiva para seu crescimento, uma vez que seu comércio varejista, atacadista e especializado atende considerável volume de consumidores paraenses que residem no eixo de influência da BR-163.
Com topografia levemente ondulada, a cidade tem largas avenidas e ensaia os primeiros passos rumo à verticalização. Guarantã do Norte tem 4.734,751 km², com 34.218 moradores. A densidade demográfica é de 6,80 habitantes por quilômetro quadrado. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,703 numa escala de zero a um. A renda per capita é de R$ 16.236,84. A água chega a todos os domicílios e parte do esgoto é coletada e tratada. O município é sede de comarca de primeira entrância e da 44ª Zona Eleitoral.
O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 546.077.000. A principal atividade econômica é a pecuária, seguida pelo comércio e a agricultura. A extração de madeira foi importante nas duas primeiras décadas da ocupação da terra, mas entrou em processo de exaustão. O rebanho tem 334.605 cabeças de mamando a caducando e um frigorífico nas imediações da cidade abate bovinos. Em 2016 Guarantã exportou US$ 3.416.202 (FOB) em carne e couro para Hong Kong, Egito, Itália, China e mais cinco países. No período importou US$ 10 mil (FOB) em máquina espanhola para curtir couro. O superávit no período foi de R$ 3.406.202.
A reserva indígena Panará, dos índios panarás, estende-se por 56.222 hectares em Guarantã, e sua área se expande para fora daquele município.
O município é um dos divisores das bacias do Teles Pires e do Xingu. No rio Braço Norte, da primeira bacia, na região de limite com Novo Mundo, foram construídas quatro pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) com capacidade para gerar 5,18 MW, 10,75 MW, 14,16 MW e 14 MW.
Sobre o Parque Estadual do Cristalino no município, em Novo Mundo e em Alta Floresta leia o tópico Preservação, no segundo capítulo. A cidade é dividida ao meio pela BR-163. Guarantã do Norte tem duas vilas: Cotrel e Gaúcho. A primeira é praticamente um bairro. A outra, dividida ao meio pela BR-163, situa-se na área de contestado com o Pará. Cotrel remonta aos primórdios da colonização e vila Gaúcho nasceu com a rodovia.

A vila Gaúcho foi fundada em 14 de novembro de 1976, data em que o comerciante Henrique Lopes de Lima, o Gaúcho, nascido em Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul, abriu pela primeira vez as portas do Bar e Restaurante Gaúcho, à margem direita da rodovia no sentido Cuiabá-Santarém, na área de contestado entre os dois estados. À época, a área onde o estabelecimento foi aberto pertencia a Colíder. A localidade se formou na vizinhança do pioneiro Gaúcho.
MEMÓRIA – Em 1980 o Incra, em parceria com a Cooperativa Tritícola de Erechim (Cotrel), Empresa Brasileira de Engenharia e Construção (Ebec), Construtora Triunfo e apoio financeiro do Banco Nacional de Crédito Cooperativo BNCC, iniciou a implantação do projeto de assentamento Parque Peixoto de Azevedo, ao longo da BR-163, numa área da União superior a 1 milhão de hectares.
Um ano depois, o presidente do Incra, Paulo Yokota, lançou um pacote de obras na região, para construir 600 quilômetros de estradas vicinais, postos de saúde, escolas e fomentar a política agrária que tinha como uma de suas principais metas assentar pequenos agricultores do Rio Grande do Sul que foram desapropriados de suas terras para a formação do lago da hidrelétrica do rio Jacuí e, também, outros brasileiros que trabalhavam em lavouras do Paraguai, os chamados brasiguaios, além de regularizar posses já existentes.
Executor do Incra na região, o cearense José Humberto Macêdo entusiasmou-se com o projeto e pediu autorização a Yokota para fundar uma cidade às margens da BR-163. O sinal verde foi dado, o arquiteto do Incra Sérgio Antunes de Freitas planejou e elaborou um projeto urbanístico e, assim, em 2 de junho de 1981, nascia a vila de Cotrel – primeiro nome do lugar. Foram abertas duas ruas no KM 725, que mais tarde receberiam os nomes de Avenida Jatobá e Avenida Alcides Moreno Scampelini.
O fluxo migratório para a área urbana foi grande logo após a abertura das ruas. E em 16 de novembro de 1981. Cotrel foi elevada a distrito de Colíder, com o nome de Guarantã, em alusão a um tipo de madeira então muito comum na área. A escolha da denominação levou em consideração que madeireiros se referiam à região fazendo citação à madeira: “Vamos lá naquele lugar do guarantã”.

Guarantã sempre teve perfil agrícola. A Unidade Avançada do Incra registrou no final de 2000, em sua circunscrição que se estende a Peixoto de Azevedo, Novo Mundo e Terra Nova do Norte, 12.800 famílias assentadas em 17 projetos agrários.
José Humberto Macêdo, titular do Cartório do Registro Civil e ex-prefeito (1989-92), Soto Mineto, comerciante, Alcides Moreno Scampelini, primeiro farmacêutico e Guilherme Mezomo, que instalou o primeiro mercado, formam o grupo de pioneiros.
Desde os primórdios da colonização e até meados dos anos 2000 boa parte frota de veículos de Guarantã do Norte e região era formada por carros artesanais montados sobre chassis canibalizados de jipes ou camionetes, por oficinas locais e na vizinhança. Era os chamados paco-paco, que recebiam esse nome por conta do barulho de seus motores a diesel estacionários. Porém, a Justiça proibiu sua circulação.
Guarantã pertencia a Colíder e se tornou seu distrito em 16 de novembro de 1981 por uma lei de autoria dos deputados Zanete Cardinal e Alves Ferraz, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Frederico Campos. Em 13 de maio de 1986 o governador Júlio Campos sancionou uma lei de autoria das bancadas do PDS e do PMDB aprovada pela Assembleia criando o município de Guarantã do Norte.
Atualização
Em 2018 a população de Guarantã era de 34.497 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE
Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes
Com foto do livro citado
Novamente a história contada onde os bandidos viram mocinhos e a maquiagem sobre a infra-estrutura precária por falta de administração pública. Onde os glorificados só causaram retardo no desenvolvimento da cidade.
Não é conduta decente criticar alguém genericamente e se escondendo sob apelido. Quem fala deve dizer o nome, o sobrenome, profissão e endereço. Lamentável.