Boa Midia

Silêncio (quase) coletivo abre porteira ao absurdo em Mato Grosso

Emanuel Pinheiro da Silva Neto, agora várzea-grandense
Emanuel Pinheiro da Silva Neto, agora várzea-grandense

Mato Grosso atravessa um amargo período de descompasso administrativo que é jogado nos ombros de uma suposta crise financeira.Também aqui, as redes sociais transmitem a sensação de que estamos a um passo da ruptura institucional por parte do presidente Jair Bolsonaro ou até mesmo com as armas engatilhadas para uma guerra civil em defesa do ex-presidente Lula da Silva.  Paralelamente a esse mundo irreal presenciamos em silêncio o descompromisso parlamentar do deputado federal Emanuel Pinheiro da Silva Neto (PTB) e o encaminhamento para golpe ditatorial conduzido pelo deputado federal Valtenir Pereira (MDB) com apoio das associações dos prefeitos (AMM) e dos vereadores (UCMMAT), da bancada federal,  Assembleia Legislativa e do governador democrata  Mauro Mendes: a prorrogação dos mandatos dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores por dois anos.

Mato Grosso (com as exceções de praxe) é covarde e omisso quando se trata de enfrentar os poderosos locais. Existe valentia, mas para críticar (o quase abstrato para nós) quadro nacional, onde Dilma Rousseff é chamada de anta, Lula de Luladrão, Bolsnaro de racista, homofóbico, nazista e golpista. Quando se faz preciso questionar o que acontece nesta abençoada e ensolarada Terra de Rondon, todos (com  as exceções) metem o rabo no meio das pernas e fecham a boca.

Sobre Emanuel Pinheiro da Silva Neto e a tentativa de se prorrogar os mandatos municipais:

Um sábio ditado nos ensina que não lugar onde um burro não entra desde que puxado por seu dono. Pois bem, no ano passado, o garoto Emanuel Pinheiro da Silva Primo, dito Emanuelzinho,  foi lançado candidato a deputado federal por seu pai, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB). Sem nenhuma experiência ou vivência política recebeu 76.781 votos. Estratifiquemos a votação: segundo mais votado em Cuiaba, com 27.376 votos. e terceiro em Várzea Grande, com 11.723. O eleitorado que o elegeu tem a seguinte distribuição geográfica na dita Baixada Cuiabana e adjacências: primeiro lugar em Chapada dos Guimarães (2.187),  Santo Antônio de Leverger (2.069), Nossa Senhora do Livramento (2.768), Nobres (1.187) e Juscimeira (886); segundo lugar em Acorizal (451), Jangada (790), Rosário Oeste (1.193) e Planalto da Serra (276).

Qual motivação política teria o eleitor em Nossa Senhora do Livramento para fazê-lo campeão de votos naquele município?

Qual motivação teve o motorista para inundar as ruas de Cuiabá com veículos envelopados com a chancela Emanuelzinho?

Muito estranha a concentração da votação em alguns municípios. Talvez a delação premiada que teria feito o ex-secretário municipal de Saúde em Cuiabá, Huark Douglas Correia possa abrir caminho a uma investigação por parte do Ministério Público Eleitoral sobre a votação de Emanuelzinho (agora Emanuel Pinheiro da Silva Neto). Huark é acusado pelo Ministério Público de desviar uma montanha de dinheiro da Saúde Pública num esquema que envolve a Prefeitura de Cuiabá até o pescoço.

Pois bem. Emanuelzinho recebeu o nome parlamentar de Emanuel Pinheiro da Silva Neto. Na segunda-feira, 27, seu pai disse numa roda de jornalistas que o filho transferirá o título para Várzea Grande – de olho numa candidatura a prefeito.

Candidatura é a coisa mais natural no processo democrático. Porém, a migração do domicílio eleitoral do deputado Emanuel Pinheiro da Silva Neto é algo tão atípico quanto a eleição de Emanuelzinho em 2018. Não vou tomar as dores da classe política daquela cidade, mas espero que ela tenha brio para responder a esse deboche, que não é o primeiro que se tenta nesse sentido. Em 2000, pelo PSDB, o então deputado federal Lino Rossi transferiu seu título de Cuiabá para Várzea Grande, onde disputou a eleição com Jayme Campos (PFL), que tentou e conseguiu a reeleição. Lino foi escorraçado pelo povo várzea-grandense.

Independentemente de lisura ou não em sua eleição para deputado, Mato Grosso precisa do deputado Emanuel Pinheiro da Silva Neto em defesa da moralidade democrática que a união de forças políticas tenta sufocar. Ao invés de cumprir suas atribuições parlamentares, o jovem deputado, vestido de noivo, está ao pé do altar esperando a sesquicentenária  chegar para que possa lhe fazer uma jura de amor político eterno. Francamente!

Valtenir, pela prorrogação
Valtenir, pela prorrogação

Sobre a prorrogação. Não tenho dúvida que ela acontecerá. Será mais uma bofetada política na cara do povo, que em Mato Grosso sequer abre a boca.

Será aprovada por interessar lobos que administram municípios e aos vereadores que fazem de seus mandatos verdadeiros balcões de negócios. 

Será aprovada porque na amplitude de sua proposta aumenta a vigência dos mandatos dos senadores, presidente da república, governadores e prefeitos: no Senado para 10 anos e nos demais cargos, para cinco.

Será aprovada porque deputados estaduais se sentirão confortáveis eleitoralmente com a permanência na prefeitura até 2022 – ano de eleição parlamentar, independentemente ou não da prorrogação dos mandatos municipais – dos prefeitos com os quais se afinam no mais amplo sentido da palavra.

Na próxima quinta-feira, às 13 horas, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, Valtenir, AMM, UCMMAT e outros interessados realizam o Encontro Municipalista Vereadores/Prefeitos  – Unificação das Eleições Uma Causa em Prol do Brasil. 

A Imprensa trata a filiação do deputado Emanuel Pinheiro da Silva Neto com naturalidade. Do mesmo modo noticia o Encontro. O covarde silêncio (quase coletivo) abre porteira para imorais transferência de título e prorrogação de mandatos.

Sugiro que leiam neste site o título: Valtenir puxa coro pela prorrogação dos mandatos de prefeitos e vereadores (postagem de 24 deste maio).

 

Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes

FOTOS:

! – PTB Nacional

2 – Agência Câmara

 

 

 

1 comentário
  1. Inácio Roberto Luft Diz

    Impressionante!

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