Boa Midia

O velho e bom Jeep – lenda sobre quatro rodas

O velho e bom Jeep
O velho e bom Jeep

Quem não dirigiu um Jeep Willys não viveu. Mas, poderá viver desde que encontre um exemplar desse lendário veículo 4×4 em alguma exposição ou à venda.

Jeep!

Veículo militar para reconhecimento e transporte com capacidade de carga reduzida, o Jeep nasceu em 1940 nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Os americanos precisavam de uma viatura leve para contrapor o danando do Volkswagen – o nosso Fusca – que os alemães inventaram para enfrentar as altas temperaturas do deserto (por isso refrigerado a ar).

Guerra Mundial à parte, coisa nenhuma, porque o Jeep ganhou popularidade no Brasil exatamente por suas diabruras na guerra, mostrada pela indústria cinematográfica, principalmente nos filmes e séries sobre os comando do marechal inglês Bernard Law Montgomery, que montados no pequeno 4×4 arrasavam as forças do marechal alemão Erwin Rommel nas areias do deserto no Norte da África.

Jeep foi veículo da FEB
Jeep foi veículo da FEB

Nos anos 1950, 60 e 70 o Brasil era uma nação em colonização, sem estradas. Quem se aventurava na interiorização, via de regra, usava a ferramenta Jeep – a mesma que estava presente em seus lugares de origem.

O Jeep é um veículo polêmico. Em sua versão original fabricada no Brasil tem capacidade para seis ocupantes, quando remove seu banco central traseiro. Com o  banco central na parte de trás, o número de ocupantes baixa para quatro – dois; um de cada lado, sobre o relevo acima do eixo traseiro, e dois nos bancos dianteiros.

Traçado – é assim que são chamados em Mato Grosso os veículos 4×4 – e o Jeep ainda tem reduzida.

O Jeep é valente nas estradas com atoleiros e areões, mas não tem bom desempenho e  terrenos inundados. Fora da água, não tem ladeira que não suba, por mais escorregadiça que seja. Ser barrado em atoleiro, jamais, salvo quando os cocões – os diferencias dianteiro e traseiro – ficam encavalados sobre o terreno.

Velhinho valente nas provas fora de estrada
Velhinho valente nas provas fora de estrada
Ronco – O diferencial do Jeep ronca até mesmo com o veículo desligado e parado. Essa é uma crítica carinhosa de quem o conhece. Poeira é companhia constante por quem transita por trecho seco e sem pavimentação. Chove mais dentro do que fora, pois a capota de lona não protege do pó nem da água. Desconforto é marca registrada: o danado pula até mesmo em terreno plano e liso. Visibilidade não é seu ponto forte: o limpador não limpa praticamente nada e os faróis são acanhados. Autonomia é mínima para a realidade das viagens atuais. Não se arrisque na estrada por mais de 180 quilômetros se não tiver em mãos um galão reserva de gasolina. Segurança zero – o danado pode ser acionado até mesmo com um cortador de unhas (basta enfiar um cabo sólido em sua partida, que o bichinho pega – não nega fogo).

O Jeep foi muito importante na ocupação do vazio demográfico nos anos 1970 e na década seguinte. Depois perdeu importância diante da importação de picapes japoneses, sul-coreanas e americanas 4×4 confortáveis. Antes de enfrentar a concorrência internacional, passou por um processo de canibalização que começou nos final dos anos 1960, pela Toyota brasileira, que passou a produzir a linha Bandeirantes (jipe, picape cabine simples, cabinte dupla e o Bernardão (a versão Toyota do chassi alongado para seu jipe).

No mercado automobilístico atual não há espaço para o Jeep em sua versão original. Mas a procura por veículos iguais a ele continua A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) desova no mercado a nova versão do Jeep, cujo carro-chefe é o Jeep Grand Cherokee – um charmoso (e caro) veículo versátil que nem de longe chega aos pés de seu antecessor.

Detalhes sobre o Jeep?
Soberbo além do tempo
Soberbo além do tempo

Seus motores de 4 e 6 cilindros? Seus fabricantes nacionais desde a Willys Overland do Brasil? A quantidade produzida mundialmente? Nada disso conta. Trata-se de lenda. E lenda não se quantifica, não tem limitação temporal Jeep é Jeep – como dizia o bordão de sua propaganda.

Mato Grosso não respeitou a memória do Jeep. O único município que leva o nome de um carro é Comodoro, na fronteira com a Bolívia e divisa com Rondônia, que reverencia um beberrão 1.8 da General Motors, o Comodoro – versão de luxo do lendário Opala.

Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Youtube

2 – Acervo FEB

 

1 comentário
  1. Cuiabá amigos do Jeep Diz

    Ao menos em Mato grosso preservamos a memoria do Jeep.
    Nós do Cuiaba amigos do Jeep realizamos todos os anos, no final de semana posterior ao dia do Jeep (4/4) uma exposição de Jeeps em Cuiaba. |Neste ano de 2019 foi realizado no shopping Estação Cuiaba, com a presença de mais de 50 veiculos.

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