Boa Midia

A mensagem de Antônio Galvan

Galvan
Galvan

Cidadania não se constrói nem se preserva com silêncio. É preciso voz para sacudir alicerces, mudar costumes arraigados, derrubar panelinhas, romper a prática do “sabe com quem está falando” etc. Antônio Galvan, produtor rural em Sinop, militante do sindicalismo patronal rural e presidente regional da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) mandou dura mensagem a Mato Grosso com um postagem em rede social onde critica o governador Mauro Mendes e o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (ambos democratas), por seus discursos na posse do secretariado estadual, na noite de primeiro deste janeiro, em que ambos debitaram ao agronegócio as mazelas sociais mato-grossenses satanizando e empurrando o segmento do agronegócio para o fogo do inferno onde há choro e ranger de dentes.

A mensagem de Galvan pouco repercutiu. Mato Grosso sempre teve postura governista, ainda mais em início de mandato do homem que tem em mãos a chave do cofre mais cobiçado no centro do continente. A Imprensa – salvo exceções de praxe – sempre amiga do poder, desconsiderou e desqualificou o que disse o líder da Aprosoja.

Galvan simplesmente citou que os dois políticos que ocupam os mais altos cargos em Mato Grosso foram infelizes ao culpar o agro pelo caos em que se encontra o governo. Pediu gestão eficiente e comparativamente mostrou que a Assembleia e o Tribunal de Contas do Estado receberão neste 2019 R$ 896 milhões sendo que no período a estimativa orçamentária da prefeitura de Várzea Grande – maior cidade mato-grossense – é de R$ 799 milhões. Essa aberração não despertou interesses de jornalistas nem dos ditos formadores de opinião pública – o silêncio sepulcral prevalece; prevalece em nome de inconfessáveis interesses.

Mauro precisa acertar. Torço para que acerte, mas começa mal o mandato. Erra no varejo e atacado. No varejo desde seu primeiro passo ao empossar o secretariado num salão nababesco do Senai, mobilizando terceirizados, gastando com supérfluo, quando o ato poderia ser a custo zero no Palácio Paiaguás, onde o Salão Nobre Clóves Vettorato foi criado para tal tipo de acontecimento. No atacado, dentre outras coisas, por manter em sua equipe ex-secretários do governo Pedro Taques – principalmente Rogério Gallo, da Fazenda – que contribuíram para a bancarrota das finanças públicas.

Mauro e Botelho, afinados
Mauro e Botelho, afinados

A caneta pesada de Mauro demitirá três mil barnabés decorativos nomeados pelas digitais de deputados, prefeitos, partidos, instituições e DNA de sobrenomes famosos. Esse ato em si não resume a situação. As demissões acontecerão, mas os cargos serão mantidos em aberto – talvez nem todos – à espera da recomposição do novo governo com figuras que gravitam sob as asas do poder e com o mesmo apadrinhamento  do passado. A roda da mamata não para.

Os produtores pagam os exorbitantes impostos com alíquotas imorais no diesel, comunicação, energia elétrica, pneus, peças automotivas, insumos, transporte e tudo mais que se possa imaginar. Recolhem tributos para vendas doméstica e no mercado brasileiro, A pauta da exportação é desonerada nacionalmente, como acontece no mundo inteiro, porque país não exporta tributos: somente produtos, pois se assim não for, perde competitividade.

Quando Galvan fala em boa gestão certamente inclui a seriedade como se deve tratar a questão da concessão de incentivos fiscais. Parte da equipe que assessora Mauro contribuiu para o fechamento da Rexam  PLC – maior fabricante mundial de latinhas para bebidas, que operava no Distrito Industrial de Cuiabá. A fábrica baixou as portas em 4 de julho do ano passado. A birra política e a mão de ferro dos que se sentiam donos do poder levaram aquela empresa a sair de Mato Grosso, que é importante polo cervejeiro e de refrigerantes. Jandir Milan, do grupo de empresários do qual Mauro é expoente, presidia a Federação das Indústrias (Fiemt) e não se pronunciou. Coincidentemente Milan é felizardo fornecedor do Palácio Paiaguás.

É preciso passar os incentivos a limpo, sim. Taques acusou Mauro de se beneficiar com desoneração para seu grupo empresarial Bimetal, que entrou em recuperação judicial e, segundo Taques, não cumpria os requisitos para tanto. Pontualmente o governo tem que passar pente fino no segmento industrial, discutir ao máximo e sobre todos os ângulos o Fundo Estadual de Habitação e Transporte (Fethab), mas sem terrorismo fiscal, sem afogadilho, sem empurrar goela abaixo, fora das paixões ideológicas ou políticas.

O governante também se mede por sua fala. Infeliz o pronunciamento de Mauro secundado por Botelho. Mato Grosso quer ouvir sobre o amanhã, obras, programas sociais. Quer que seu governador modernize o Estado, enxugando-o efetiva e não rotularmente. O eleitorado deu voto de confiança a Mauro, mesmo sabendo de sua influência e ingerência no governo Taques, ao qual foi de fidelidade à toda prova até o começo do ano passado, quando entrou na disputa eleitoral. Que ele faça jus a esse crédito. Que não trate o agro com o fígado, mas com a razão.

Ao produtor e dirigente classista Galvan, os parabéns por sua fala. Tomara que ela chegue a Mauro e contribua para que ele troque o discurso incompatível com a grandeza de seu cargo por ações concretas pela modernização do Estado e que antes de qualquer proposta de alteração ou criação de carga tributária, de enquadramento de segmento econômico para efeito de tributação e de revisão de incentivos fiscais o governador dê o exemplo passando a limpo, sem rodeios, a relação do grupo Bimetal com o governo. Por menor que seja eventual deslize ocorrido nessa relação Mauro fica sob suspeita. Se não houver anomalia ele poderá conduzir a política de realinhamento tributário que precisamos e paralelamente a ela dar outro rumo ao governo que assumiu e que por sua relação com Taques, também tem as suas digitais.

 

Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Facebook de Antônio Galvan

2 – Fablício Rodrigues – Assessoria da Assembleia Legislativa – em 1º de janeiro 

 

 

2 Comentários
  1. TARCISIO Diz

    O GOVERNO MAURO “MENTE” COMEÇA FEDENDO E ACUSANDO QUEM PRODUZ NO MATO GROSSO!

  2. José Antônio de Ávila Diz

    PARABÉNS ao Galvan pela firmeza com que tratou o Governo e o PRESIDENTE da Assembleia. E vc Eduardo por postar a Matéria. Abs

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