Boa Midia

Mauro é a imagem de Pedro Taques

Mauro e Pivetta - risco de fogaréu
Mauro e Pivetta – risco de fogaréu

Mauro Mendes quando se vê no espelho enxerga a imagem de Pedro Taques. Essa é a impressão que fica, por duas razões sem que nenhuma tenha prevalência: parte do alto escalão de governo do tucano Pedro tem as digitais de Mauro. O discurso em outubro de 2014 e quatro anos depois não mudou: o Estado está ‘quebrado’, é preciso reduzir o duodécimo dos poderes – e não se fala em reforma administrativa, enxugamento da máquina e contenção de gastos supérfluos.

A imagem do governador democrata eleito e do governante Pedro  no apagar das luzes só não é mais idêntica, porque o segundo reinou absoluto, sem sombra, ao passo que o outro terá um governo compartilhado, fatiado, zoneado politicamente, por conta da formação de seu grupo ou aliança, que entre outros caciques tem o vice-governador eleito Otaviano Pivetta (PDT); o dono do MDB, Carlos Bezerra; e o senador eleito e coronel político Jayme Campos (DEM),

Não pense Mauro que seu governo será de uma nota só. Ao quadro do caciquismo se junta ainda a força do vice Pivetta, que foi decisivo para a vitória de sua chapa, e que tem uma visão – muito boa, diga-se de passagem – diferente daquela dos políticos tradicionais, sobre o conceito de Estado. Os dois são amigos, há respeito entre eles, mas se no primeiro momento o governador eleito pender para o repeteco do desastre administrativo do antecessor  Pedro, surgirá divergência entre eles e um fogaréu botará em risco a governabilidade.

Mauro recebeu votação consagradora vencendo o pleito em primeiro turno, conforme é tradição em Mato Grosso – mas, nunca antes pela oposição e sim, pelo governante. O que excedeu nas urnas falta em habilidade política. Propor redução do duodécimo do Judiciário e da Assembleia, nos moldes em que a proposta foi apresentada, é ofensivo, é atentar contra a independência dos poderes. Quanto a isso o governador peca em quatro aspectos, sem ordem de prevalência na citação:

1 – Antes de qualquer atitude Mauro teria que discutir o orçamento 2019 com a legislatura em curso, e paralelamente a isso, tratar em alto nível sobre o duodécimo dos poderes com o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (DEM); e os desembargadores Rui Ramos, presidente do Tribunal de Justiça (TJ), e Carlos Alberto Alves da Rocha, presidente eleito do TJ, que assumirá o cargo no próximo ano.

2 – Antes de propor menos gastos aos dois poderes e aos órgãos que também recebem duodécimo, Mauro teria que tomar pé da realidade do governo, reduzir o custeio da máquina, extinguir secretarias e órgãos; estancar a imoralidade do volume de cargos comissionados; teria que abrir mão de fretamento de jatinho; precisaria reduzir mordomias no alto escalão; necessitaria priorizar destinação de recursos. Feito isso e adotadas outras providências teria condições de dialogar com o Judiciário, Assembleia e os órgãos.

3 – Antes de alardear a quebradeira do Estado, Mauro teria que se dirigir a Mato Grosso apresentado um plano para recuperação das finanças, para pagar fornecedores e prestadores de serviço, para convocar aprovados em concursos públicos. Mostrar o caos é fácil. Porém, ao invés disso, o governador eleito deveria ter se explicado ao cidadão que o elegeu, dizendo a ele, como, quando e de que modo virará a página do caos que herdará.

4 – Antes de anunciar que está montando uma equipe Mauro deveria dizer que está articulando a formação do governo com seus aliados, afinal, não houve vitória individual, e sim a conquista do poder por dissidentes que gravitaram no poder liderado por Pedro. Esses políticos são Viúvas de Pedro tanto quanto os novos donos do PSD são Viúvas de  Riva.

Tomara que Mauro reveja os próximos passos e corrija os que até agora deu. Também, tomara que secretários do governo Pedro, que o assessoraram quando prefeito de Cuiabá (2013/16) o auxiliem com informações sobre a administração que chega ao apagar das luzes.

A imagem de Mauro refletida no espelho não é a melhor, a julgar pelo que disse após a eleição. Seria trágico para Mato Grosso se ele iniciasse o governo reeditando um programa semelhante ao “Bom Pagador” – de triste memória, lançando mão de medidas policialescas e até mesmo utilizando o nefasto expediente da arapongagem.

Por enquanto, salvo melhor juízo, quem votou em Mauro elegeu a imagem de Pedro – e positivamente essa tem que ser apagada do cenário político, para sempre. Não adiantará o governador eleito quebrar o espelho se sua caminhada o leva para a beira do abismo onde o governador que sai nos enfiou.

Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

 

FOTO: Flickr da campanha da chapa Mauro e Pivetta

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