ENSAIO – Pedro Taques com Pagot e o sinvalismo entre eles
Pedro quer Pagot na sua coordenação geral.
Em tom otimista a imprensa dá conta do convite do governador tucano Pedro Taques a Luiz Antônio Pagot, pra que ele assuma sua campanha (por enquanto pré-candidatura à reeleição). Os mesmos textos acrescentam que o convidado pediu duas semanas pra bater o martelo.
Nesse caso, avalio que Pedro vai além da busca de um caboclo de pulso forte, raciocínio rápido, ascendência sobre quase toda a classe política regional e que tem na cartola uma boa quantidade de coelhos. Muitos se referem a Pagot chamando-o de Trator. Prefiro defini-lo por aquilo que se sente: Castor. Sim, em 2004, na bela Nova Mutum, evento que debatia o noviço biodiesel assisti uma boa palestra proferida por ele, na qual disse que se sentia um daqueles mamíferos roedores da nossa América ao Norte e da Europa. A razão para o rótulo: sem querer desvirtuar o tema sobre o convite que lhe fez Pedro, o Trator (assim chamado pelos colegas jornalistas) explicou que o danado do bichinho era curuscuba na arte de sobreviver às enchentes e que sempre encontrava meio de reconstruir sua casinha.
Sobre o convidado. Do lado de fora do balcão do poder acompanhei sua trajetória ocupando diversas secretarias de Estado na ‘Era da Botina’ (que começou com Blairo Maggi em janeiro de 2003 e terminou com Silval Barbosa em dezembro de 2014). Visto pelo aspecto administrativo o Trator é 10. Nota máxima também por sua capacidade de organizar campanha eleitoral observando o perfil de nossa gente, a relação eleitor-candidato, os ‘entendimentos’ com donos de ongs, de jornais/sites/radio/TV/revistas, presidentes de bairros e outros meandros mais. Nesse contexto acho que Pedro acertou na mosca.
Pagot foi o grande líder, mentor e organizador de um grupo de expressivas figuras que coabitaram o poder na Era da Botina (de Blairo a Silval). Essa máquina sob sua tutela era formada entre outros por Éder, Moraes, Pedro Nadaf, Afonso Dalberto, Arnaldo Alves, Vilceu Marchetti (in memoriam), Eumar Novacki, Cidinho dos Santos, Ezequiel Fonseca, Waldir Teis, Yuri Bastos Jorge, Gonçalo Ferreira de Almeida (Pente Fino), José Carlos Pagot, Carlos Brito, Geraldo de Vitto, João Virgílio e outras figuras que deixaram suas digitais em suas passagens pelo governo. A liderança de Pagot sobre essa gente não passou despercebida por Pedro, que tratou de convidá-lo.
Sobre Pedro. De repetente ele notou que estava no cabaré, com postura virginal, mas que não era nada daquilo que sua imagem transmitia. Eleito em 2014 sob as bênçãos de um discurso de mudança, de austeridade e muita seriedade, o governador está estatelado. Caiu pela complexidade de responder por um governo.
No governo Pedro deu de cara no chão por muitos fatos que não serão focalizados, pois o tema é outro.
O governador sabe o quanto um bom estrategista é importante na campanha e, despojado da pose virginal no cabaré tratou de correr atrás da figura talhada para resolver seu problema, já que seu desgaste é muito grande.
Pagot não será mero coordenador, se tudo acontecer como aparentemente está previsto. O Trator não chegará de mãos vazias. Uma vez batido o martelo ele levará na garupa o candidato a vice-governador de Pedro, que é ninguém menos que Adilton Sachetti, um deputado federal que tem até partido, o PRB. Mais: em sua bagagem estará o aval de quem tem a chave do cofre, Blairo Maggi, o compadre de Adilton, que de quebra é o Rei da Soja, senador e ministro da Agricultura.
De braços abertos Pedro receberá o Trator no ninho onde já se encontra Carlos Brito, ex-liderado dele e que foi uma das peças principais do projeto Copa do Mundo 2014, no governo Silval.
Vislumbra-se a reeleição de Pedro (caso o convite seja aceito – o que não duvido). A aluvião política é previsível. O valoroso quarto poder devidamente empenhado repercutirá tudo como manda o figurino. Prevalecerá o apelido Trator. Nesse contexto sou minoria. O rótulo de Castor que Pagot gosta não é de conhecimento público. Meu texto será lido por poucos. Não compartilharei a alegria da formação da chapa Pedro-Adilton nem a celebração da trajetória de Pagot pelo grupo palaciano. Haverá festa para o grande sinvalizador do taquismo – ora até certo ponto sinvalizado, mas que alcançará o sinvalismo pleno, pois a regra do jogo é assim.
Não tenho dúvida que a aceitação do convite será passo decisivo para a vitória de Pedro, com Adilton, o afilhado de Blairo, na garupa. Costumo admirar as pessoas independentemente de seus erros, quando a soma de suas virtudes é maior, como é o caso do Trator nesse mundo de pernas pro ar. Espero que o Castor continue com o espírito da reconstrução da casa, pois a tempestade que ele causará será uma enchente sem precedentes.
Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Ilustrativa
2 – Pagot em arquivo de 2003 da Secretaria de Comunicação de Mato Grosso
3 – Taques e Adilton na campanha em 2014 – Arquivo de Assessoria
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