Conselheiros do TCE teriam sido gravados

Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal não exagerou ao chamar de monstruosa a delação do ex-governador Silval Barbosa ao Ministério Público Federal e por ele homologada. Fux sabia o que dizia. Afinal, ele foi espectador privilegiado das gravações feitas a mando de Silval, onde figurões de Mato Grosso aparecem embolsando maços de dinheiro de supostas propinas. Para reforçar sua definição, ele teria recebido novos vídeos, alguns seriam de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) recebendo pacotes de dinheiro.
As imagens dos conselheiros embolsando dinheiro ainda não foram liberadas, mas as mesmas teriam sido juntadas à delação no dia 6 deste mês. As gravações teriam sido feitas com uma caneta espiã.
Na delação Silval cita que cinco conselheiros receberam R$ 53 milhões em propinas para não atrapalharem o modus operandi das obras executadas pelo governo para a Copa do Mundo de 2014 e do programa rodoviário MT Integrado – os dois pilares de seu governo.
Os cinco conselheiros citados foram Antônio Joaquim, Waldir Teis, Valter Albano, Sérgio Ricardo e José Carlos Novelli. Todos foram afastados do TCE, no dia 14 deste mês, por determinação de Fux e também estão impedidos pelo ministro de frequentarem aquele órgão técnico auxiliar da Assembleia e até mesmo de conversarem com seus servidores. Não se sabe ainda se as imagens seriam dos cinco delatados ou de alguns.
Vale observar que Sérgio Ricardo já se encontrava afastado judicialmente do TCE pelo juiz Luís Aparecido Bertolucci Júnior, de Vara de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, sob a acusação de improbidade administrativa. O TCE tem sete conselheiros, mas à época das propinas citadas por Silval o conselheiro Humberto Bosaipo estava afastado por ordem do Superior Tribunal de Justiça, por suspeita de improbidade administrativa quando deputado estadual. Dos sete conselheiros que integram o TCE, somente um, Campos Neto, foi excluído pelo ex-governador. Campos Neto ora é o único titular no exercício da função.
Além de gravar conselheiros do TCE, Silval também gravou 11 dos 24 deputados estaduais da legislatura anterior. Todos, segundo ele, receberiam mensalinho para garantirem que seu governo não fosse incomodado.
Fitas com deputados pegando maços de dinheiro com Sílvio Corrêa, que chefiava o Gabinete de Silval, foram exibidas na televisão e viralizaram na internet. Dessa relação fazem parte os prefeitos de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, e de Juara, Luciane Bezerra; e o deputado federal Ezequiel Fonseca. Todos juram inocência. Hermínio Barreto, Alexandre Cesar, Luiz Marinho, Airton Português e Antônio Azambuja, que não se reelegeram também foram flagrados com a mão na dinheirama. Dos componentes da legislatura em curso foram filmados Gilmar Fabris, Baiano Filho e José Domingos. Nenhum admitiu que fosse mensalinho e a uma só voz se defendem.
OUTROS – O médico Rodrigo Barbosa, filho de Silval, também delator, gravou dois deputados que mantiveram diálogos com ele, supostamente sobre propinas. Romoaldo Júnior foi gravado em áudio, e Wagner Ramos em vídeo. Ambos negam.
FABRIS – O deputado Gilmar Fabris foi preso preventivamente pela Polícia Federal por ordem de Fux. A prisão aconteceu em Cuiabá, na sexta-feira (15) fundamentada em suposta obstrução de justiça por parte do parlamentar.
Nesta segunda-feira a Assembleia aguardava orientação jurídica para a adoção do rito de votação dos deputados, para que decidam pela manutenção ou não da prisão do colega. Versões contraditórias sobre o caso permaneceram até a noite. Umas diziam que a PF havia comunicado a prisão ao presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (PSB), como manda a regra constitucional; outras sustentavam o contrário. A PF não se manifestou. Fabris passa mais uma noite encarcerado na Penitenciária Central do Estado, para onde foi levado.
Da REDAÇÃO
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