Boa Midia

Série (XIII) – Em quem votar ou não votar – Zé Domingos

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

José Domingos ou simplesmente Zé Domingos (União) de  Nobres é o décimo terceiro pré-candidato a prefeito focalizado pela Série Em quem votar ou não votar, que aborda aleatoriamente os nomes que estão em pré-campanha para a Prefeitura de Cuiabá e dos municípios de Barra do Garças, Várzea Grande, Sinop, Rondonópolis e outras importantes cidades mato-grossenses.

A série começou com Beto Farias (PL), de Barra do Garças; e prosseguiu com Lúdio Cabral (PT) e Victorio Galli (DC), ambos de Cuiabá; Mariano Kolankiewicz (MDB), de Água Boa; Teti Augustin (PT) e Adilton Sachetti (Republicanos), ambos de Rondonópolis; Miltão (PSOL), de Várzea Várzea; Vander Masson (União), de Tangará da Serra; Eliene Liberato (PSB), de Cáceres; Roberto Dorner (PL), de Sinop; Miguel Vaz (Republicanos), de Lucas do Rio Verde; e Chico Gamba (União), de Alta Floresta.

ELE – José Domingos Fraga Filho, o Zé Domingos nasceu em Nortelândia, no dia 30 de setembro de 1975. É engenheiro agrônomo e trabalhou na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Mato Grosso (Emater), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder). Em 1992 a Emater, a Codeagri e a Empa se fundiram dando origem à Empaer. Pela Empaer Zé Domingos conheceu a embrionária Sorriso, onde descobriu o caminho das pedras na política sendo eleito vereador e por três vezes prefeito.

Zé Domingos não administrou a Sorriso de agora, metrópole emergente, com 110 mil habitantes. Quando deixou a prefeitura em dezembro de 2004, ao terminar seu mandato de prefeito pelo PMDB, o município tinha 46 mil habitantes

Dois anos depois da prefeitura, Zé Domingos se elegeu deputado estadual pelo PFL com 28.869 votos. Repetiu a dose em 2010, pelo DEM, com 26.431 votos. Sua última eleição para a Assembleia foi em 2014, pelo PSD então de José Riva, com 21.121 votos.

Em 2010 Silval Barbosa foi eleito governador pelo PMDB e nomeou Zé Domingos secretário de Desenvolvimento Regional e Agricultura Familiar e ele permaneceu no cargo por um ano.

Quando cumpria o último mandato de deputado, Zé Domingos anunciou que gostaria de ser nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A mídia sempre generosa com os poderes políticos abriu manchetes e rasgou elogios para ele.

Em meio a euforia pela possibilidade de ser conselheiro, Zé Domingos foi condenado em dezembro de 2015 pela juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 6ª Vara Cível de Sorriso a devolver 60 mil reais ao erário público e ao pagamento de uma multa de 120 mil reais pela publicação em outubro de 2004, de uma revista promocional que enaltecia sua administração.

Não foi a condenação pela publicação da revista a razão para Zé Domingos desistir de seu projeto de ser conselheiro do TCE e não disputar outro mandato na Assembleia em 2018. O que afastou temporariamente Zé Domingos e outros figurões da política foi uma denúncia feita em agosto de 2017 pelo Jornal Nacional da Rede Globo, que mostrou vários deputados estaduais da legislatura de 2011 a 2014 recebendo maços de dinheiro de Sílvio Corrêa, à época chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa. A entrega da dinheirama seguia um ritual onde ambos os lados demonstravam descontração.

Zé Domingos foi um dos contemplados com a dinheirama. O local da entrega era o gabinete de Sílvio Corrêa, e Zé Domingos não foi sozinho ao encontro de Sílvio. Com ele estava o deputado Ezequiel Fonseca, que a exemplo dele também recebeu generosos maços de dinheiro. Zé Domingos e Ezequiel protagonizaram um episódio que muito contribuiu para a vulgarização da classe política em Mato Grosso: acomodaram os maços de dinheiro numa caixa de papelão para que pudessem sair despercebidos do gabinete instalado no Palácio Paiaguás.

O episódio da caixa de papelão somente não foi o mais comentado na reportagem do Jornal Nacional, por conta de um descuido do então deputado Emanuel Pinheiro, que deixou cair um maço de dinheiro do bolso de seu paletó e recebeu o apelido de Paletó.

Não se pode deixar de levar em conta que Zé Domingos nega que se tratava de propina conforme a delação de Silval e Sílvio ao Supremo Tribunal Federal. Não somente Zé Domingos, mas Emanuel Pinheiro e os demais que foram filmados a exemplo de Ezequiel Fonseca, Alexandre Cesar e Luciane Bezerra juram por todos os santos que a dinheirama era lícita, e que o único crime no episódio foi a gravação clandestina feita por Sílvio. O ex-deputado Hermínio Barreto também recebeu dinheiro e o guardou numa mala; Barreto morreu num acidente na BR-364/163 nas proximidade de Jaciara, em 9 de maio de 2018, quando viajava de Cuiabá para sua cidade, Rondonópolis.

Na delação Silval deu detalhes da dinheirama e a chamou de mensalinho. O ex-governador revelou que pagava propina a deputados para que não atrapalhassem os esquemas de corrupção montados para a execução das obras da Copa do Mundo de 2014 e do programa rodoviário “Mato Grosso Integrado”, que somente conseguiu concluir uma obra integralmente: a pavimentação de 22 km da MT-412 ligando Canabrava do Norte à BR-158.

Zé Domingos ficou distante dos palanques em 2018. Porém, em fevereiro de 2019, após concluir seu mandato, ele voltou à cena: foi nomeado assessor especial da Assembleia pelo presidente Eduardo Botelho (União) e somente afastou-se daquele cargo por força da legislação eleitoral, para que pudesse entrar na disputa pela Prefeitura de Nobres.

O episódio da caixa de papelão no gabinete de Sílvio não afastou a classe política de Zé Domingos, que permanece forte junto ao poder político. Quem primeiro anunciou que ele seria pré-candidato a prefeito foi seu correligionário governador Mauro Mendes. A assessoria de Mauro Mendes fotografou o anúncio. A imagem mostra da esquerda para a direita Fábio Garcia, chefe da Casa Civil e deputado federal licenciado; Zé Domingos; Mauro Mendes, seu padrinho político; o prefeito de Nobres, Leocir Hanel; e Botelho – detalhe, todos filiados ao União Brasil.

NOBRES – O município que Zé Domingos quer administrar tem 15.500 habitantes e um dos mais tradicionais de Mato Grosso, por sua rica história. Nobres é um dos divisores das bacias Amazônica e do Prata, e nascente do rio Cuiabá.

Município estratégico para o desenvolvimento mato-grossense, Nobres é o principal polo de extração e moagem do calcário calcítico e dolomítico em Mato Grosso. Em Nobres, desde 1991 opera uma fábrica de cimento da Votorantim Cimentos. que juntamente com outra unidade em Cuiabá, responde pela demanda estadual do Cimento Portland. O escoamento do calcário e do cimento é facilitado pela rodovia BR-364/163 que cruza a área urbana.

Considerado um dos mais importantes polos do turismo do Brasil Interior, Nobres tem vários roteiros turísticos de contemplação, pesca e esportes de aventura, com destaque para o distrito de Bom Jardim. São tantas as belezas, que em tom provocativo – no bom sentido – o jargão local sustenta que NOBRES É MAIS QUE BONITO.

 

AFILHADO – Zé Domingos é bem apadrinhado. Na Assembleia rezava pela cartilha de José Riva. Quando Silval governou ele foi homem forte no vaivém Legislativo-Executivo; com Mauro Mendes no governo Zé Domingos está em casa; com Botelho, até cargo de direção conseguiu. Quanto ao episódio delatado por Silval, Zé Domingos não foi condenado e sequer julgado, mas isso não é por apadrinhamento, não: a exemplo dele, todos os políticos que tiveram seus nomes associados àquele escândalo não foram sequer julgados. Todos negam que tivessem recebido propina. Zé Domingos e os demais gozam dos benefícios da dúvida e alguns estão em campo em busca de novos mandatos, todos com as devidas certidões negativas em todas as esferas.

Livre para a pré-candidatura e a posterior candidatura, Zé Domingos ainda não definiu quem será vice em sua chapa. Isso, porém, é detalhe. O que conta é o apadrinhamento que tem e a ausência no noticiário do episódio da caixa de sapatos e um estranho e não oficial nada consta do Ministério Público Estadual. Se tudo isso não bastasse, Zé Domingos ainda terá em seu palanque o padrinho e governador Mauro Mendes.

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PS – Continue lendo a série. A postagem dos nomes é aleatória e o texto não focaliza a vida pessoal dos citados.

PS – Permitida a reprodução em sites, revistas, jornais e blogs, desde que na íntegra, mantido o título e informado o nome do jornalista que escreve a série e o endereço eletrônico completo do www.blogdoeduardogomes.com.br

Postado em 18 de julho de 2024

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