Boa Midia

Série (XI) – Em quem votar ou não votar – Miguel Vaz

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

Miguel Vaz (Republicanos) de Lucas do Rio Verde é o décimo primeiro pré-candidato a prefeito focalizado pela Série Em quem votar ou não votar, que aborda aleatoriamente os nomes que estão em pré-campanha para a Prefeitura de Cuiabá e dos municípios de Barra do Garças, Várzea Grande, Sinop, Rondonópolis e outras importantes cidades mato-grossenses.

A série começou com Beto Farias (PL), de Barra do Garças; e prosseguiu com Lúdio Cabral (PT) e Victorio Galli (DC), ambos de Cuiabá; Mariano Kolankiewicz (MDB), de Água Boa; Teti Augustin (PT) e Adilton Sachetti (Republicanos), ambos de Rondonópolis; Miltão (PSOL), de Várzea Várzea; Vander Masson (União), de Tangará da Serra; Eliene Liberato (PSB), de Cáceres; e Roberto Dorner (PL), de Sinop.

ELE –  Aos 16 anos, quando foi contratado no Paraná pelo IBGE, para  coletar dados em campo para o Censo Agropecuário de 1980, Miguel Vaz Ribeiro tinha as mãos calejadas pela jornada da lavoura iniciada ainda criança. Depois teve uma curta passagem no cargo de bancário. Dois anos mais tarde vestia o jaleco de uma cooperativa agropecuária, onde permaneceu até 1985 conciliando trabalho com estudo, e os calos nas mãos não passavam de boas lembranças do trabalho duro nas lavouras dos pais Maria Jovelina e Leopoldo Vaz Ribeiro.

A faculdade de Direito que cruzou seu caminho foi uma boa base para sua formação, que sempre teve em conta os ensinamentos dos pais, o que sempre observou desde pequeno, em Santo Antônio do Sudoeste, no Paraná, onde chorou pela primeira vez na quarta-feira, 2 de outubro de 1963.

Em 1985, Miguel Vaz conseguiu emprego na Ovetril Óleos Vegetais, no Paraná,. Em setembro de 1986 ele deu pausa no trabalho para subir ao altar e dizer sim e ouvir a mesma palavra da noiva Janice Angeli.  Em janeiro de 1987 Mato Grosso povoava seus sonhos e por isso pediu transferência para o Eldorado que se anunciava ao Mundo.

Em janeiro de 1988 Miguel Vaz estava em cena gerenciando a Ovetril em Lucas do Rio Verde, município de Diamantino. Iniciando nova fase de vida, o gerente sonhava com um amanhã de prosperidade, enquanto se mantinha com o salário e tinha garantia funcional assegurada pela surrada Carteira Profissional que tanto o orgulhava.

O vilarejo não passava de um amontoado de casas de madeira dividido ao meio pela rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163) que no verão era um canudo de poeira vermelha sem fim, e no inverno amazônico, um atoleiro comprido, que em alguns trechos, como na Piúva, desafiava até o valente Jeep Willys.  Banhada pelo rio Verde, do qual herda o nome associado ao do seringueiro Francisco Lucas  de Barros – que tinha um barraco à sua margem – e cercada pelo cerrado que a cada dia mais e mais cedia área para o cultivo mecanizado pela valentia do CBT 1090 e 1105.

Lucas é filha da logística e da integração nacional. Da primeira, porque a cidade surgiu na área de um dos acampamentos criados por ordem do coronel José Meirelles, comandante do 9ª Batalhão de Engenharia de Construção (9º BEC) do Exército, que construía a Cuiabá-Santarém em Mato Grosso. Da outra, porque o vazio demográfico em seu entorno começou a ser efetivamente ocupado em 1981 quando 203 famílias de sem terra deslocados de Encruzilhada Natalino, em Ronda Alta, no Rio Grande do Sul, foram ali assentadas pelo Incra. Em suma: Lucas deu suporte para a passagem da rodovia rumo ao Pará, e abrigou gaúchos que lutavam pela posse da terra em seu lugar de origem.

Lucas é um conjunto de cidades em uma só. Uma delas é o mistério e nela permeia Miguel Vaz, que de capital zero em 1988 chegou a 2012 com um patrimônio declarado de 12 milhões e 743 mil reais e o elevou em 2020 para 131 milhões, conforme consta de sua declaração de bens ao Tribunal Regional Eleitoral. Mais claro ainda. Em oito anos (de 2012 a 2020) o patrimônio de Miguel Vaz cresceu 928% – quatro anos depois o montante não deve ser o mesmo.

Na cidade do mistério Miguel Vaz é empresário de atividade polivalente e atuando até fora de Mato Grosso, cultivando, industrializando algodão, prestando serviço de transporte fluvial e máritimo (no Amazonas a navegação é considerada oceânica) e em outras áreas. No emaranhado de cidades e escândalos em Lucas, Miguel Vaz sempre foi preservado e nunca abaixou a cabeça. No agronegócio, que é a âncora de suas atividades, seu município produziu (sem trocadilho) barões da soja a exemplo do vice-governador Otaviano Pivetta, o  ex-prefeito Marino Franz, o senador licenciado e ministro da Agricultura Carlos Fávaro, o ex-ministro da Agricultura Neri Geller, o ex-prefeito Flori Binotti, o ex-suplente de deputado federal Helmute Lawisch e o ex-deputado estadual Sílvio Fávero que morreu vítima de covid.

Em 1992 Veja chamou de Loucos de Lucas os produtores rurais do município, que revolucionavam o sistema produtivo agrícola nacional. Na citação foi incluído o pioneiro do cultivo de soja na região, Munefumi Matsubara, que tinha lavoura ao lado daquela cidade, mas na margem direita do rio Verde, numa área que pertence a Sorriso.

Prefeito, Miguel Vaz administra um paraíso. Poucas cidades brasileiras oferecem a qualidade de vida de Lucas. Provavelmente nenhuma tenha rede escolar municipal que se compare a de Lucas. A primeira guarda municipal mato-grossense foi criada em Lucas. A pioneira na universalização da pavimentação urbana foi Lucas. O município que saiu na frente na coleta seletiva de lixo foi Lucas. As primeiras agroestradas mato-grossenses são de Lucas, evidentemente. Claro que não há mérito para Miguel Vaz nas conquistas citadas, e quase todas levam as digitais de Otaviano Pivetta que cumpriu três mandatos de prefeito.

Os indicadores sociais de Lucas excedem. São superlativos. O parque agroindustrial da cidade é o segundo maior de Mato Grosso e sua diversificação é grande. Na infraestrutura de transporte a cidade conta com aeroporto que opera noturno para jatos de porte médio, a BR-163 cruza a área urbana e a MT-449 faz sua ligação com Tapurah.

Com 83.798 habitantes Lucas é o nono município mais populoso de Mato Grosso e sua taxa de crescimento de 224,9% nos últimos 30 anos, quando saltou de 25.792 para 83.798 habitantes, deixa claro que seu crescimento é convincente.

O prefeito de Lucas tem que ser mais que administrador. Precisa de visão de Estado, postura de estadista para canalizar investimentos e investidores para seu município, que vibra à espera dos trilhos da ferrovia da Rumo Logística, que ligam Mato Grosso via Rondonópolis, Itiquira, Alto Araguaia e Alto Taquari ao porto de Santos; e que sonha com o apito do trem da Ferrogrão, que somente Deus quando acontecerá, tamanha a pirraça do governo do presidente Lula.

O prefeito também tem o dever de desenvolver uma política social justa, voltada, sobretudo, para os nordestinos que ali desembarcam para trabalhar na mão de obra industrial e na construção civil. É natural que a cidade seja permeada por classes sociais distintas, mas sem que a opulência do agro sufoque e deixe a cidadania da classe operária ao relento.

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POLÍTICA – Para os padrões mato-grossenses Miguel Vaz é novato em política. Em 2012, pelo PPS na chapa encabeçada por Otaviano Pivetta (PDT) Miguel Vaz elegeu-se vice-prefeito concorrendo pela coligação Lucas Cada Vez Melhor, formada pelo seu e os partidos PDT (de Pivetta)/PSD/PR/DEM/PSDC/PHS/PMN/PSB/PV/PRP/PSDB e PSD. Pivetta recebeu 13.587 votos (54,57%) e seu adversário e primo Rogério Ferrrin (PMDB) 11.310 votos (45,43%).

Em 2016 Taques soltou a mão de Pivetta e o apunhalou nas urnas

Quatro anos depois a mesma chapa tentou a reeleição, com Pivetta filiado ao PSB e ele no PPS, pela coligação Atitude e Inovação composta ainda pelo PSB/PV/PSDB/PRB/PSC/PTC/PCdoB e o PSL. A chapa foi impugnada na reta final da campanha e somente à véspera da eleição o Tribunal Regional Eleitoral reverteu a impugnação, mas Pivetta oficialmente concorreu sub judice. O adversário de Pivetta e Miguel Vaz, Flori Luiz Binotti (PSD) venceu com 14.408 votos; a chapa impugnada cravou 14.166 votos. A derrota foi por 242 votos.

A administração de Pivetta tinha excelente avaliação, mas o governador Pedro Taques (PSDB) lançou contra ele o peso da máquina pública, muito embora Pivetta o tivesse apoiado para o Senado em 2010 e para o governo em 2014. Quem coordenou o esquema para derrotar Pivetta foi o então vice-governador Carlos Fávaro (PSD), agora senador licenciado e ministro da Agricultura.

Refeito da derrota em 2016, Miguel Vaz disputou a prefeitura em 2020, filiado ao Cidadania, com o vice Márcio Antônio Pandolfi ( PDT e agora presidente municipal do PL) pela coligação Gente que Faz com o DC e o PSC ao lado do seu Cidadania e do PDT de Pandolfi. Miguel Vaz foi eleito com 18.283 votos (58,37%) concorrendo com outros três candidatos sendo que o prefeito Luiz Binotti (PSD) que tentava a reeleição foi o segundo mais votado, com 11.802 votos (37,68%).

Mauro Mendes recebeu a adesão de Miguel Vaz

ADESÃOMiguel Vaz aderiu ao União Brasil do governador Mauro Mendes. Em 30 de maio de 2022, Mauro Mendes comemorou a debandada de 16 prefeitos para seu partido e, dentre eles, o prefeito de Lucas.

PIvetta e Miguel Vaz

Umbilicalmente ligado a Pivetta, Miguel Vaz dificilmente seria adversário do vice-governador. Tanto assim, que analistas políticos acreditam que sua ida para o União Brasil poderia ser uma manobra de Pivetta, para demonstrar força, pois logo em seguida Miguel Vaz correu para o Republicanos de Pivetta.

VICE – Eleição em Lucas sempre é apertada. A qualidade de vida é tão boa, que ofusca a administração do prefeito e o ritmo do desenvolvimento tira a discussão política da prioridade da população. Pisando e brasas Miguel Vaz discute com Pivetta e seu grupo a melhor forma de compor sua chapa, mas até agora não há definição sobre quem estará em sua chapa.

PS – Continue lendo a série. A postagem dos nomes é aleatória e o texto não focaliza a vida pessoal dos citados.

Permitida a reprodução em sites, revistas, jornais e blogs, desde que na íntegra, mantido o título e informado o nome do jornalista que escreve a série e o endereço eletrônico completo do www.blogdoeduardogomes.com.br

Postado em 5 de julho de 2024

EDITADO em 2 a agosto, após o editor tomar conhecimento da desfiliação de Miguel Vaz do União Brasil e seu ingresso no Republicanos.

 

 

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