157 ANOS DE VÁRZEA GRANDE – Seo Fiote Campos
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
Político até na naturalidade. Quando alguém lhe perguntava: – Onde nasceu? A resposta era clássica: “Na fazenda Caninana, no limite de Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento“. Desse modo, ele, várzea-grandense, não descontentava nenhum dos dois municípios, que o tinham no rol de seus filhos. Assim era seo Fiote, que veio ao mundo em 9 de janeiro de 1917, com duplicidade de naturalidade e que esteve entre nós até 20 de setembro de 2007, quando fechou os olhos para sempre, numa unidade de terapia intensiva do Hospital Jardim Cuiabá, em Cuiabá, onde permaneceu internado por dois meses, por uma série de complicações de seu quadro de saúde; seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Várzea Grande e sepultado no Cemitério São Francisco de Assis, no jazigo da família Campos, daquela cidade.
A fazenda Caninana tinha uma porção em Várzea Grande e outra em Livramento. Para não desagradar os livramentenses seo Fiote não entrava em detalhes sobre a localização da propriedade
Não é fácil sintetizar o perfil de seo Fiote, a começar por seus laços familiares em Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento, suas duas cidades: por todas as linhagens se encontram parentes diretos e afins do homem que foi o patriarca dos Campos – maior clã político de Mato Grosso. Porém, seus pais, Porfíria de Oliveira Campos e Veríssimo de Oliveira Campos eram de Livramento, a terra papa-banana.
Em Várzea Grande, até bem pouco tempo, mas antes de sua explosão populacional, era assim: se é Campos, é parente, se é Botelho, se é Barros, se é Domingos, se é Leite, se é Monteiro, não importa… Na veia de todos corre o sangue miscigenado dos Campos. Mas, não é somente isso. Se você se depara com uma escola que leva o nome de uma professora, tenha certeza de que ele ou foi seu aluno ou os dois são consanguíneos.
Mas, afinal, para quem não é várzea-grandense e não sabe sobre a tradição daquele município, quem foi seo Fiote? Júlio Domingos de Campos, o seo Fiote, foi um hábil político do PSD, que lutou pela emancipação de Várzea Grande, que era distrito de Cuiabá; que foi o vereador mais votado em sua primeira legislatura (eleita em 1949); que por duas vezes foi seu prefeito.
Em 1951 seo Fiote elegeu-se prefeito de Várzea Grande pela primeira vez. Em 1957 conquistou o segundo mandato para aquele cargo. Depois, em 1964, mudou-se para Cuiabá e não mais disputou eleição, muito embora participasse ativamente da vida política daquela cidade e de Mato Grosso.
No regime militar de 1964, com o fim do pluripartidarismo, seo Fiote filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), ao PDS, PFL e ao Democratas.
Ao assumir o governo, Pedro Pedrossian (1966/71) o convidou para ocupar uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado, mas seo Fiote não aceitou. Filinto Müller disputou o Senado pela última vez em 1970 e o queria na suplência, mas ele disse “não”. Estava decidido a não mais participar diretamente da vida pública.
Comerciante, seo Fiote fundou em Várzea Grande, no ano de 1941, A Futurista, um grande atacarejo. Anos depois a transferiu para o centro de Cuiabá, de onde distribuía produtos para vários municípios. Paralelamente a isso, foi pecuarista.

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