Boa Midia

Esses cronistas…

Com o time oficialmente escalado por Careca, o Mixto deixou a concentração e rumou para o Verdão para enfrentar o Dom Bosco pelo Campeonato Mato-grossense de 1977. O versátil Arildo fez todo o percurso da concentração ao estádio com um radinho de pilha colado ao ouvido, sem falar com ninguém…

 

Quando o Mixto chegou ao vestiário, já pronto para entrar em campo, Arildo virou-se para Careca e disse secamente: “Eu não vou jogar…”

– Ah, vai jogar sim, Arildo! Mas me diga o que foi que aconteceu? – indagou Careca.

Arildo explicou que o comentarista esportivo Macedo Filho, da TV Centro América, havia descido a lenha nele no programa esportivo daquele dia e, decididamente, ele não tinha condições psicológicas para jogar.
Com muita habilidade, Careca convenceu Arildo a esquecer a opinião de Macedinho e jogar.

Resultado: o Mixto ganhou por 3×1, com um dos gols de Arildo, que foi considerado o melhor jogador em campo, inclusive pelo comentarista Macedo Filho…

Como treinador, de vez em quando o próprio Careca era vítima de comentários maldosos de cronistas esportivos, que muitas vezes nem sabem o que estão falando.

O autor

Por ocasião da decisão do returno do Campeonato Mato-grossense de Futebol de 1976, que levou o Mixto ao Campeonato Nacional, ao derrotar o Operário, por 3×2, o comentarista Edipson Morbeck, da Rádio A Voz do Oeste, passou 85 minutos do jogo mimoseando Careca com os mais ofensivos adjetivos.

A certa altura do 2º tempo, irritado com a derrota parcial do Mixto por 2×1, Morbeck chegou a afirmar que Careca devia era estar no seu posto de combustíveis lavando carros, porque de futebol o treinador não entendia bulhufas.

Nos cinco minutos finais, quando Tuta entrou em campo e levou o alvinegro à vitória, Morbeck não teve dúvidas em considerar Careca um verDadeiro gênio, o maior treinador de futebol do mundo…

Depois que parou de jogar bola, além de ter sido técnico de futebol, Careca virou comentarista esportivo de emissoras de rádio de Cuiabá. Quer dizer: manteve-se ligado ao esporte. E se deu bem também nessa atividade, em virtude da sua longa vivência no futebol.

Em 1979, A Voz do Oeste mandou Careca e o então calouro Eudes Fanaya transmitirem um jogo no Distrito Federal entre Gama e Mixto pelo Campeonato Nacional.

A dupla ficou hospedada em Taguatinga e quando chegou ao estádio do Gama, já à noite, estava fazendo um frio de rachar o cano. E àquela altura, não havia como providenciar agasalhos para os radialistas.
Para piorar a situação, Careca e Fanaya, num gesto de solidariedade, decidiram ceder a cabine que iam usar para a dupla Roberto França-Márcio de Arruda, da Rádio Cultura. Márcio de Arruda não estava bem de saúde e ficar mais de duas horas ao relento, por falta de cabines no estádio, poderia complicar sua vida.

Com o frio apertando, Careca não vacilou: pulou o muro do estádio, entrou numa mercearia das imediações e comprou quatro ou cinco garrafas de quase um litro de um vinho de nome francês de alto teor alcoólico e voltou para a cabine de A Voz do Oeste. Muitos goles depois, no gargalo mesmo, rapidinho o frio sumiu e daí pra frente foi só alegria…

Com o correr do jogo e do álcool nas veias dos dois radialistas, as vistas de Careca e Fanaya foram ficando turvas. Mais para o fim do jogo, quem estava ouvindo a rádio mato-grossense podia pensar que o Gama só tinha um jogador em campo – Quidão – pois era só ele que defendia, armava, atacava, cobrava faltas e escanteios e corria para a área para cabecear a bola para o gol…

Recorda Fanaya que o Gama venceu o Mixto por 3×1, com Péricles, que já havia passado pelo futebol de Mato Grosso, marcando dois dos três gols do seu clube. Os dois radialistas não se lembram se foi Quidão, o grande destaque do jogo, na visão embaralhada pelo vinho de Careca e Fanaya, que marcou o outro gol do Gama…

PS – Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino

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