Boa Midia

Era uma vez a Rua Bahia com seus cabarés…

O que resta da famosa rua em Poxoréu

Empurrada pela dinheirama de garimpeiros que bamburravam, nenhuma zona boêmia ganhou tanta fama em Mato Grosso quanto a Rua Bahia, no centro de Poxoréu. No começo dos anos 1970, quando o garimpo estava no auge, mais de 20 boates mantinham acesas suas luzes vermelhas, com suas vitrolas no volume máximo ou apresentavam shows com o maestro Marinho Franco. Em frenesi, as mulheres dispostas a tudo, com suas roupas provocantes e carregadas com maquilagem que realçava a beleza e escondia a feiura.

O coração de Poxoréu batia mais forte na Rua Bahia, onde garimpeiros endinheirados lavavam o chão dos cabarés com cerveja Brahma gelada e pagavam o doce sabor do sexo com a moeda mais forte e conhecida por todos: o diamante.

À noite a Rua Bahia fervilhava; na madrugada, mais ainda. Onde se garimpa diamante a criminalidade é zero ou quase isso, ao contrário das praças das fofocas do ouro. Com sua riqueza, seu sexo, sua farra e seu jogo, Poxoréu foi paraíso.

Quando o último boêmio saía do cabaré e as portas e janelas se fechavam no salão silencioso e impregnado pelo azedume da cerveja e do conhaque derramados, Poxoréu retomava o garimpo, para mais tarde, tão logo o sol se pusesse, voltar a viver gostosa noite de orgia.

As mulheres da Rua Bahia conviviam bem com a população e embarcavam para Cuiabá ou Rondonópolis nos ônibus da empresa Baleia junto com os demais passageiros. Normalmente saíam em pequenos grupos para as compras na “Loja Para Todos”, de Bartolomeu Coutinho, o Bartô, em outros pontos do comércio ou em busca de uma agulhada de Benzetacil na farmácia de seo Amarílio de Britto, pra curar incômoda gonorreia. Algumas, mais atiradas, entravam na Matriz São João Batista, para preces a Jesus, o Senhor que perdoou Madalena, e onde, em 1972, o missionário italiano Attilio Giordani deixou seu coração sob o altar, ao fechar os olhos para sempre. Os rufiões também se misturavam ao povo. Entre os coronéis das quengas, no vaivem´nas calçadas,  capangueiros, garimpeiros, fazendeiros, comerciantes, estudantes, recatadas senhoras, crianças, velhos e os demais que bebiam água. O Cine Roma elas conheciam somente pelo lado de fora, porque a exibição dos filmes coincidia com o horário do trabalho da profissão mais antiga do mundo.

Sem o diamante, a Rua Bahia morreu. Seus cabarés viraram ruínas e as pedras de seu calçamento não escutam mais os ais do prazer, ouvem apenas o cortante silêncio sepulcral de uma triste cidade sem garimpo, sem zona boêmia, sem rumo.

O diamante ganhuu um ciclo, que passou. Resta a vitalidade da pecuária, que movimenta pouco a cidade. Mesmo que a cidade retome sua movimentação com outras atividades econômicas, dificilmente a Rua Bahia ressuscitará. O sexo perdeu o quê de boemia, ganhou espaço entre a juventude com sua parafernália nas redes sociais. O casamento já não é mais o mesmo. A vida mudou. Falta agora a mudança de Poxoréu, ou melhor, seu reencontro com a vitalidade econômica para que seu povo tenha melhor qualidade de vida e sua força de trabalho encontre o que fazer perto de casa, sem partir pra Rondonópolis, Cuiabá e outras cidades em busca de emprego.

 

Série

 

O texto acima é parte do capitulo sobre o polo de Rondonópolis, que será postado por blogdoeduardogomes, em breve. numa série sobre as cinco grande regiões mato-grossenses.

Leiam a série e saibam mais sobre Mato Grosso.

A série mostrará o verso e o reverso de Mato Grosso com sua economia, meio ambiente, mineração, garimpo, povos indígenas, questões agrárias rurais e urbanas, saneamento, educação, saúde, segurança, garantias jurídicas. logística de transporte, pioneiros, colonizadores, vultos, regionalismo, cultura etc. Seu marco temporal será o ano de 1970 – quando começou a onda migratória para ocupação do vazio demográfico mato-grossense. A postagem focalizará as cinco grandes regiões: Vale do Araguaia, Rondonópolis, Nortão, Vale do Rio Cuiabá e Fronteira/Chapadão do Parecis.

Sites interessados na postagem poderão fazê-lo, desde que a postagem coincida com a de blogdoeduardogomes e mantidos título, fotos com legendas, infográficos e o texto na integralidade dos cinco capítulos. Sobre o tema, tratar no WhasApp 65.9982.1191.

Empresários, botem suas logomarcas na série, que baterá todos os recordes em número de leitores e capilizaração nos municípios.  Sua postagem na capa do site terá longa duração.

Saibam como: WhatsApp 65.9-9982.1191 com Eduardo

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTO: blogdoeduardogomes

1 comentário
  1. Messias Ferreira Diz

    Dificilmente encontra-se artigos como estes relatando historicamente a cidade de Poxoréo. É lamentável esta ocorrência, que deveria ser o contrário, vista que na referida cidade existem alguns historiadores (e mesmo, pessoas/estudantes conhecedores dos fatos) que poderiam fazer o trabalho de relatar a bela história que guarda esta antiga cidade de Mato Grosso!

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