Coronavírus mata 741 e Mauro Mendes discursa

Transcorridos três meses do primeiro óbito por coronavírus em Mato Grosso o número de mortes chegou a 741 sendo 35 nas últimas 24 horas. período em que foram detectados 1.188 dos 19.540 casos da doença. Cuiabá é o epicentro, mas a pandemia atinge 136 dos 141 municípios e matou em 93. Junho foi caracterizado pelo agravamento da pandemia. A situação está a um passo do estrangulamento da saúde pública por falta de vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Sorriso, Cáceres, Juína e Barra do Garças, as únicas cidades com leitos exclusivos na rede pública para pacientes com o vírus. Não se pode confiar nas informações sobre UTIs na página oficial do governo estadual, que nesta sexta-feira, 3 de julho, informa que o Estado disponibiliza 240 UTIs sendo que 228 estariam ocupadas (95%) restando 12. Enquanto isso, sem plano nem projeto pra enfrentar a pandemia o governador democrata Mauro Mendes discursa.
Na página do governo estadual consta hoje que não há leito disponível em UTI nas cidades de Sinop, Cáceres e Sorriso; e nos hospitais Santa Casa de Rondonópolis, Pronto Socorro Municipal de Cuiabá e Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande. Acontece que o Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande nunca teve leito exclusivo para coronavírus; naquela unidade hospitalar existem dois leitos com respiradores para estabilização de pacientes à espera de vagas no Hospital Metropolitano local. Portanto, aos invés de 240 leitos há somente 238 leitos.
Essa informação distorcida sobre Várzea Grande também acontecia em relação a Alta Floresta, que até meados da semana figurava na página do governo estadual com dois leitos de UTIs para coronavírus, o que não era verdade. O Hospital Regional Albert Sabin, em Alta Floresta, nunca teve leito reservado para paciente com coronavírus.
Sobre leitos de UTIs públicas em Alta Floresta não há nada a não ser a perspectiva de contratação de 10 leitos pela prefeitura ao Hospital Santa Rita, o que poderá acontecer nos próximos dias, pois a tratativa está em curso. O Santa Rita pede R$ 2 mil por dia de utilização de leito. Esse montante, caso acordado, será bancado pelo Ministério da Saúde em parceira com a Secretaria de Estado de Saúde, com o primeiro respondendo por R$ 1.600 e a outra por R$ 400. Tudo que se disser além disso não tem lastro de verdade.
Excluindo-se os dois leitos do Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, Mato Grosso tem 238 UTIs dos quais 12, em tese. estariam disponíveis, muito embora médicos e outros profissionais de saúde insistam que haja uma fila com mais de 100 pacientes à espera de UTI em Cuiabá e Várzea Grande.
Enquanto Mauro Mendes e prefeitos alimentam a Imprensa Amiga com informações que não dizem respeito ao caos nas UTIs, a doença avança, Em Rondonópolis o prefeito Zé do Pátio (SD) brigou na justiça contra o lockdown decretado pelo desembargador do Tribunal de Justiça, Mário Kono, o Ministério Público e a Polícia Civil investigavam supostos superfaturamentos na compra de insumos para a luta contra o coronavírus. Hoje, a disputa judicial chegou ao fim: o ministro Dias Tofoli, do Supremo Tribunal Federal, derrubou o lockdown, mas, por enquanto, as investigações sobre os supostos superfaturamentos hibernam. Em Cuiabá, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), também investigado por um estranho aluguel de drones pra combater o vírus, ora baixa decreto, ora recua. Em cômoda posição Mauro Mendes a tudo assiste, de braços cruzados, deixando pra Imprensa Amiga o papel – sem trocadilho – de mostrar à população que tudo está sob controle.
Cronologia e números da pandemia

Há exatos três meses ocorreu a primeira morte por coronavírus em Mato Grosso. Luiz Nunes, 54, gerente de supermercado em Lucas do Rio Verde, diabético e hipertenso não resistiu e fechou os olhos para sempre num hospital naquela cidade, em 3 de abril. Pouco antes, a doença chegou entre os mato-grossenses. Em 19 de março o Laboratório Central (Lacen) confirmou o primeiro caso. O infectado foi um morador em Cuiabá.
O coronavírus infecta nas grandes e pequenas cidades. O ex-prefeito de Ponte Branca, Sandoval Nogueira de Moraes, 82, o seo Sandu, morreu numa unidade de terapia intensiva (UTI) em Barra do Garças no dia 10 de maio. Ponte Branca tem 1.576 habitantes – é o penúltimo menor município mato-grossense.
Em junho a doença aumentou a incidência e as unidades de terapia intensiva (UTIs) começaram a entrar em colapso. Em Rondonópolis, no dia 20, enquanto esperava por um leito de UTI o servidor público aposentado e sindicalista Nilton Rosa dos Santos, ou simplesmente Niltão dos Aposentados, 76, perdeu a luta pela vida.

A doença atinge os chamados grupos de risco, mas também chegou às terras indígenas e vitima jovens sem comorbidades. Transcorridos três meses da primeira morte Mato Grosso tem mais óbitos do que isoladamente o Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Goiás, Rondônia, Amapá, Acre, Santa Catarina, Roraima, Tocantins e Mato Grosso do Sul.
No dia 3, o professor Adriano Silva, 49, suplente de deputado federal pelo Democratas morreu numa UTI de uma clínica particular em Cuiabá. Adriano foi professor e reitor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) entre 2010 e 2014. Presidia a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso.
Hoje, em Cuiabá, a professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso e ex-presidente da Academia Mato-grossense de Letra, Marília Beatriz de Figueiredo Leite, perdeu a vida para o coronavírus.
MORTES – A doença matou em 93 municípios. Cuiabá é o epicentro com 215 mortes seguido por Várzea Grande (146), Rondonópolis (62), Sinop (28), Barra do Garças (25), Pontes e Lacerda (20), Cáceres (17), Primavera do Leste (16), Nova Mutum (14), Sorriso e Lucas do Rio Verde (13 cada), Tangará da Serra (10), Conrfesa (oito), Porto Esperidião (sete), Poconé e Juína (seis cada); Querência, Alta Floresta, Vila Bela da Santíssima Trindade e Rosário Oeste (cinco cada); Jaciara, Nossa Senhora do Livramento, Chapada dos Guimarães e Campinápolis (quatro cada); e outros 69 com números menores.
Também morreram em Mato Grosso 12 cidadãos de outros estados.

CASOS – A pandemia atinge 136 municípios. Cuiabá, o mais afetado, tem 4.564 casos seguido por Várzea Grande (1.483), Rondonópolis (1.375), Sorriso (837), Lucas do Rio Verde (812), Primavera do Leste (735), Tangará da Serra (721), Sinop (523), Nova Mutum (502), Pontes e Lacerda (470), Campo Verde (395), Cáceres (337), Confresa (331), Colíder (252), Barra do Garças (249), Campo Novo do Parecis (248), Querência (227), Matupá (223), Sapezal (209), Peixoto de Azevedo (207). Alta Floresta (185), Jaciara (184), Nossa Senhora do Livramento (173), Guarantã do Norte (172), Porto Esperidião (161), Marcelândia (154), Vila Bela da Santíssima Trindade (142), Rosário Oeste (120), Pedra Preta (119), Poconé (117), Poxoréu (111), Campos de Júlio (110), Tapurah (106), Jureuna (98), Juína (95), Mirassol D’Oeste (93), Vila Rica (91), Água Boa (89), Canarana (85), Cláudia e Aripuanã (80 cada), Chapada dos Guimarães (77), Feliz Natal (71), Juscimeira e Alto Garças (68 cada), Diamantino (63), Nova Ubiratã (57), Jangada e Comodoro (55 cada), Alto Araguaia (54), Juara (52), General Carneiro (51), Nova Santa Helena (49), Nobres (46), Pontal do Araguaia e Barra do Bugres (45 cada), Paranatinga (43) e outros 79 com números menores.
Em Mato Grosso, 116 residentes em outros estados testaram positivo para coronavírus.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Christiano Antonucci – Site público do Governo de Mato Grosso – Divulgação
2 – Facebook – Luiz Nunes
3 – Acervo do site público do Governo de Mato Grosso
4 – Assessoria do Dnit
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