Boa Midia

Com o Centrão Bolsonaro tem a bancada de MT aos seus pés

O Congresso Nacional
Aquela vontade de pular no colo político do presidente Jair Bolsonaro. Esse é o desejo da quase totalidade da bancada federal mato-grossense, de olho na informal janela da cooptação do Centrão pelas luzes do poder central.

Esse desejo incontido está na Câmara e no Senado, que juntos formam o Congresso Nacional bicameral, o dito  Legislativo que em tese pode transformar Bolsonaro num novo Collor de Mello ou lhe assegurar a auréola de santo guerreiro ou Capitão Invencível. Quais seriam esses parlamentares: os deputados Dr. Leonardo (SD), Emanuelzinho Pinheiro (PTB), Neri Geller (PTB), Carlos Bezerra e Juarez Costa (ambos do MDB) e José Medeiros (Pode – que já se encontra naquele aconchego figurado, mas que será referendado pela costura paliciana com as siglas amigas); e no Senado, Wellington Fagundes (PL), Jayme Campos (DEM) e o biônico judicial Carlos Fávaro (PSD).

Seria repetitivo citar os primeiros cargos que Bolsonaro botou aos pés do Centrão em sua amplitude nacional. Há muitos outros que serão fatiados com os amigos com os quais o presidente agora divide a escova de dentes política. Fiquemos em Mato Grosso.

Câmara

 

Professora que vive em mansão, Rosa Neide é Lula desde menininha

A bancada federal mato-grossense tem oito deputados e somente Rosa Neide (PT) não se rende a Bolsonaro. Isso, por razão de ordem ideológica. A deputada é aquilo que se chama de mistério: professora, consegue a proeza de morar numa mansão em Cuiabá; ex-secretária estadual de Educação, estava sob investigação que apura possíveis crimes do colarinho branco em sua gestão enquanto secretária,, mas conseguiu uma brandura judicial que trava a ação, o que não se traduz em transparência na vida pública. Porém, em suma, Rosa Neide não avalizará o Capitão em caso de pedido de impeachment. Pra ela há somente dois bons presidentes: ele, o Lula da Silva; e ela, Dilma Rousseff.

José Medeiros integra a informal bancada do Centrão, mas independe de composição pra vestir a camisa do presidente. Medeiros somente não é mais Bolsonaro por falta de espaço.

Medeiros é novato na Câmara, mas na legislatura anterior cumpriu quatro anos no Senado. Era suplente de Pedro Taques, que renunciou ao cargo pra ser governador.

Taques foi senador por quatro anos e nesse período a Justiça Eleitoral conseguiu hibernar a ação que denunciava sua chapa ao Senado em 2010, pela rasura na ata que homologou sua convenção. Com sua renúncia a tramitação retomou, em ritmo de tartaruga, mas avançou. Ao término do mandato de seu sucessor, Madeiros, houve uma condenação, que não teve nenhum efeito prático. O Capitão tem em Medeiros um aliado experiente na arte de salvar mandato. 

Eleitorado de Bolsonaro jogou mandato no colo de Nelson Barbudo

Nelson Barbudo (PSL) até 2018 não era bem conhecido nem mesmo em Alto Taquari, onde reside, mas, naquele ano, entrou nas redes sociais com seu chapelão defendendo com unhas e dentes o correligionário Capitão (agora o presidente não tem filiação), a direita e desancando Lula. O resultado: em Mato Grosso foi o mais votado para a Câmara. Jogando pra plateia, Barbudo pode até inventar cabelo em ovo pra criticar pontualmente o presidente, mas no fundo, no fundo, sabe que seus votos, à exceção do dele e dos familiares caíram nas urnas pela força do Capitão – ou Mito, como o chamam. Com Barbudo, pedido de impeachment contra o presidente tem a chance de sucesso igual a pescoço de enforcado no cadafalso.

Noventa milhões em ação / Pra frente Brasil do meu coração / Todos juntos vamos / pra frente Brasil, salve a Seleção”. Este refrão foi o DNA da música mais tocada no rádio e cantada pelas multidões nas ruas do país inteiro no começo de 1970. Ele é a alma da canção Pra frente Brasil, do compositor Miguel Gustavo, que soava como patriótico grito de apoio aos jogadores canarinhos que tentariam a conquista do tricampeonato mundial de futebol naquele ano, no México, o que efetivamente aconteceu. Mato Grosso não era exceção e todas as suas vozes também entoavam aquela espécie de hino da pátria de chuteiras, como a definiu Nelson Rodrigues. Esse deve ser o tema musical predominante na bancada federal em alusão ao colinho do Capitão, com a exceção de Rosa Neide.

Bezerra e a arte de compor com o poder

Carlos Bezerra e Juarez Costa pertencem ao grupo do presidente Rodrigo Maia (DEM/RJ) com 94 parlamentares do Democratas, PSDB e MDB, mas nenhum deles se insurgiria contra o poder – e o poder do poder – o que os faz bolsonaristas de linha de frente caso Maia não consiga engavetar todos os pedidos de impeachment do Capitão.

A ida de Bezerra pra base de sustentação do Capitão também terá outro sentido muito importante: será o cachimbo da paz entre eles. Em março do ano passado, Bolsonaro demitiu Teté Bezerra, mulher de Bezerra, da presidência da Embratur. A razão: Teté contratou um jangar por R$ 290 mil e o Capitão achou o preço azedologo ele que come pastel e toma café em padarias! Bezerra, claro, não gostou. Agora surge a oportunidade daquele abraço que de tão importante não pode ser negado nem mesmo em meio à pandemia.

Sobre Juarez leiam nesta página  a manchete Riva a um passo de cumprir pena. Nela tem um histórico sobre esse deputado domiciliado em Sinop.

Emanuelzinho Pinheiro é filho do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) e pronto. Emanuelzinho foi campeão de votos no Vale do Rio Cuiabá, território minado por cabos eleitorais do papai prefeito. Se não fosse pelo acúmulo de atividade do Ministério Público Eleitoral, que em ação brilhante impediu que se pregassem cartazes nos postes, um pente fino em seus gastos eleitorais poderia abalar seu mandato. Indicativos sobre irregularidades no desembolso por parte do comitê de Emanuelzinho chegou a ser ventilado quando do escândalo na Secretaria de Saúde da Prefeitura de Cuiabá, em 2019, que resultou na prisão do médico e secretário de Saúde Huark Douglas Correia e mais dois médicos, pela Operação Sangria.

Neri Geller não brinca em serviço. Navegou no poder com o grupo tucano de Dante de Oliveira. De vereador por Lucas do Rio Verde e suplente de deputado federal, viu o Ministério da Agricultura cair em seu colo. Esteve preso, a exemplo de seus irmãos Milton (ex-prefeito de Tapurah) e Odair, que foram denunciados por grilagem de terra  durante a operação Terra Prometida, da Polícia Federal, em 2014. A prisão de Neri, em novembro de 2018, aconteceu em Rondonópolis, onde participaria de um evento. O deputado foi denunciado pelo doleiro Lúcio Funaro, por suposta partiipação num esquema de corrupção no Ministério da Agricultura, no governo da presidente Dilma Rousseff. Depois de três dias Neri foi solto por uma liminar e jura a mais absoluta inocência.

Dr. Leonardo e o relatório que tomou Doril

Dr. Leonardo reza pela cartilha do Paulinho da Força – nada recomendável; em Mato Grosso seu guru e correligionário é o prefeito Zé Carlos do Pátio, de Rondonópolis, que também não merece recomendação.

Sem Dr. Leonardo não faz sentido Bolsonaro compor com o Centrão. Seria o mesmo que ir à Roma e não ver o papa. Em 2018. Dr. Leonardo à frente de uma CPI da Assembleia Legislativa, que investigava o escândalo de supostos pagamentos irregulares a procuradores e promotores de Justiça, por meio de cartas de crédito, deu uma de mágico ao contrário: ao invés de tirar coelho na cartola, fez um desaparecer naquele chapelão da nobreza britânica. Isso mesmo. Dr. Leonardo teria que apresentar o relatório sobre os trabalhos da CPI, mas não o fez. A legislatura chegou ao fim em janeiro de 2019. Com seu término a CPI morreu. Resumo; todos vivem felizes, juntos e amigos pra sempre. Em todos os cantos do mundo os presidentes precisam dessa sapiência. Creio até, que se Bolsonaro soubesse disso, o teria convidado para o Ministério da Saúde, ao invés de botar o general de brigada Eduardo Pazuello naquele cargo.

Em suma: pro bem ou pro mal, a maioria da bancada federal mato-grossense na Câmara é Bolsonaro desde pequenininha.

Senado

Wellington, o Senhor Dnit

Wellington Fagundes (PL), Carlos Fávaro (PSD que chegou bionicamente ao cargo) e Jayme Campos (DEM) são governistas de carteirinha. Bolsonaro sabe bem disso.

Wellington sempre foi governista. Isso desde o mandato do presidente Itamar Franco, que começou em 29 de dezembro de 1992. Não seria agora, com o Capitão que ele teria recaída oposicionista. E o Dnit que o aguarde.

Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado desde 25 de setembro do ano passado, Jayme  tem uma  representação por quebra de decoro parlamentar contra o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), que é filho do presidente  Bolsonaro. Político escovado, o senador saberá valorizar sua entrada no Centrão, pois além do poder de voto tem a espada que aponta para um dos xodós do Capitão.

Fávaro vai feliz pro Centrão

Fávaro é o sucessor do ex-líder regional do PSD, José Riva. Do PP de Eraí Maggi, pelo qual Erai o lançou candidato a vice-governador de Pedro Taques, Fávaro foi pra nova sigla e nela responde pelo chamado grupo das Viúvas de Riva – políticos da velha guarda que gravitavam no entorno do gabinete de Riva, que foi mandachuva na Assembleia por 20 anos.

Reresentante do agronegócio, Fávaro grudará em Bolsonaro. Assim, agrada Brasília e o campo. Quanto ao fato de ser biônico é o de menos. Como dizem os velhos políticos: o fim justiça o meio.

O partido de Fávaro não integra bloco no Senado. O PSD tem 11 senadores e os mais conhecidos são: Antônio Anastasia (MG), Ângelo Coronel e Otto Alencar (ambos BA), Omar Aziz (AM) e Sérgio Petecão (AC).

 

 

Centrão

 

Engraçado, o Centrão não existe, mas é. Ou seja, trata-se de uma Viúva Porcina ao inverso. Na Câmara ten 193 dos 513 deputados. Desses, 40 do PP de Neri Geller; 39 do PL de Wellington; 37 do PSD de Fávaro; 31 do Republicanos; 12 do Podemos de José Medeiros; 12 do Solidariedade, de Dr. Leonardo; 12 do PTB, de Emanuelzinho Pinheiro; e 10 do Pros. Fora do Centrão, mas atraídos pra ele, o MDB de Bezerra e Juarez tem 34, e o DEM de Jayme, 28.

 

Resumo

 

Uma goleada de 10 a 1 na bicameralidade. Esse seria o placar de Bolsonaro sobre eventual pedido de impeachment, pelo menos no tocante aos congressistas da bancada federal mato-grossense. O único voto contrário, de Rosa Neide, é o resquício do poder de Lula em Mato Grosso.

Com o Centrão ao seu lado, o Capitão continuará governando o Brasil, tendo em sua equipe indicados pelos seus novos aliados.

É o Brasil!

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTOS:

1, 2, 3, 4 e 5 – Agência Câmara

6 – Agência Senado 

7 – Dialum – Divulgação

 

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