Bebês Johnson’s entram na corrida eleitoral em Cuiabá
Quem acompanhou a convenção estadual do PDT, no sábado, 26, na capital, não tem dúvida que rola uma química – diria de poder – política entre o partido de Leonel Brizola e o DEM de Mauro Mendes. Interessante: são nomes de figuras que lembram o comercial dos Bebês Johnson’s.
Mais: ambos – PDT e DEM – costuram uma dobradinha para a disputa da Prefeitura de Cuiabá.

Mais ainda: será uma aliança que esbanjará caciques, nadará em dinheiro e que poderá contar com a máquina pública (governo e Assembleia Legislativa) numa espécie de aluvião.
Muito mais ainda: o quê da questão é encontrar os dois candidatos para a chapa, que até agora tem cogitação até de sobra, de nomes, mas sem nenhum consistente.
Numa adaptação a um antigo comercial de TV, pedetistas e democratas sugerem nomes mais cotados para serem Bebês Johnson’s – menos para a administração de uma cidade com mais de 612 mil habitantes, com precário funcionamento da saúde pública, déficit na coleta e tratamento de esgoto, centenas de quilômetros de ruas sem pavimentação, carência de creches, estrangulado transporte urbano, com o espinho do VLT atravessado na garganta, milhares de imóveis construídos sem documentação cartorial, inchaço na folha salarial do município, sem capacidade de atrair investidores industriais, bolsões de criminalidade, desemprego humilhando famílias, parcial tratamento do lixo, precária estrutura física nas escolas municipais etc.

Na convenção Allan Kardec, deputado estadual licenciado e secretário estadual de Cultura, Esporte e Lazer, assumiu o PDT regional em substituição ao prefeito de Diamantino, Eduardo Capistrano. Oficialmente, Allan fecha questão com o maestro Fabrício de Carvalho para prefeito por seu partido. Mas, se confrontado para se saber qual é realmente seu posicionamento quanto a esse nome – mesmo sem detector de mentiras – o líder pedetista não conseguiria convencer nem mesmo sua madrinha de batismo.

Fabrício enquanto maestro é show. Nas ruas em busca de voto teria a desenvoltura de chinês sambando. Seu porte nobre não convence o eleitorado, que de desencanto em desencanto buscará alguém com perfil popular, que não se limite a ter conhecimento das demandas.
Os democratas – ou demomauros – têm opções, todas gravitando no círculo do poder de Mauro Mendes: Fábio Garcia, suplente do senador Jayme Campos, ex-deputado federal e ex-secretário de Mauro Mendes, quando prefeito de Cuiabá (2013/16); e os secretários Gilberto Figueiredo (Saúde) e Mauro Carvalho (Casa Civil).
No círculo de Mauro Mendes não há ordem de preferência. Será aquele que der melhor sinais de vitalidade eleitoral.
Mauro Carvalho conhece política somente nos bastidores, mas comanda um exército com 270 burocratas na Casa Civil e apensos – essa multidão outra função não tem, senão articular, fazer política e reforçar o alicerce do poder.
Gilberto Figueiredo é vereador por Cuiabá (PSB – 4.299 votos); o fato de Gilberto Figueiredo ser filiado ao PSB não afasta a possibilidade que o mesmo seja lançado à prefeitura pelo Democratas, pois há prazo para troca de partido.

Fábio Garcia, no círculo é Fabinho, um jovem da elite, neto do governador biônico Garcia Neto. Dos três, quem tem o melhor discurso é Fabinho.
Em suma, Mauro Mendes tem três Bebês Johnson’s para oferecer ao seu casório político com o PDT.
Também no DEM, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho. O deputado tem interesses empresariais na prestação de serviços aos municipios de Cuiabá e Várzea Grande, e por isso, descarta disputar eleição nessas cidades. Botelho, porém, está de olho no Senado, apostando na cassação da senadora Selma Arruda (Pode) e a realização de eleição suplementar.
Eleição em Cuiabá não é mera homologação. Do outro lado da dobradinha que se costura, estão os adversários.

Na prefeitura, Emanuel Pinheiro (MDB) sonha acordado com mais quatro anos de mandato, mas nesse sonho sempre surge o fantasma do Paletó, que até mesmo seus mais ferrenho aliados sabem que terá efeito desvastador nas urnas.
Emanuel Pinheiro não sonha sozinho. Juntamente com ele, o PTB de seu filho e deputado federal Emanuel Pinheiro Neto, e uma dezena de siglas nanicas recheadas por manjadas figuras do movimento comunitário também ganham as asas da imaginação pensando na continuidade da benesse do poder – doce poder!

Também do outro lado da trincheira, Gisela Simona (Pros), mulher, negra, cuiabana, respeitada servidora do Procon e figura presente nas manifestações em Cuiabá.
Em Cuiabá, Gisela foi campeã de votos para a Câmara dos Deputados em 2018.
Osso duro de roer.
Gisela, mesmo sem dinheiro, sem esquema, mesmo sem a bênção do poder, tem tudo para dar show nas urnas.

Também fora do casório PDT/DEM, o PV de Sirlei Theis, a combativa advogada que de cabeça erguida levanta a bandeira em defesa da mulher vítima da violência doméstica ou não. Em 2018, Sirlei foi candidata a vice-governadora na chapa do liberal senador Wellington Fagundes, em 2018.
Se Gisela e Sirlei derem as mãos – avaliam analistas – a prefeitura deixará de ser Clube do Bolinha.
Os petistas também estão do outro lado da trincheira. Deverão lançar o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva, que trocou a magistratura federal pelo palanque, e aparentemente, até agora, fez péssimo negócio.

O eterno candidato a tudo, Procurador Mauro, do PSOL, não desiste nunca. Some na entressafra eleitoral, mas quando o calendário aponta eleição ele ressurge com boa dose de remédio para todos os males. Depois, toma Doril e não se manifesta em nenhuma causa popular.
Os comunistas do PCdoB não têm muitas opções. O nome mais difundido é o da ex-reitora da UFMT, Maria Lúcia, que em 2018 tentou sem sucesso chegar ao Senado.

Um ponto de interrogação é a senadora Selma Rosane Arruda (Pode – eleita pelo PSL). Em 2018 Selma Arruda recebeu a maior votação ao cargo: 678.542 votos ao passo que o segundo eleito, Jayme Campos (DEM) não foi além de 490.699 – um massacre!
Acontece que o Tribunal Regional Eleitoral cassou a chapa de Selma Arruda pelos crimes de abuso de poder e caixa 2. A senadora, no exercício do mandato, recorre. Se condenada com trânsito em julgado haverá eleição suplementar – a primeira em Mato Grosso – para o Senado. Sua cadeira é cobiçada, entre outros, por Eduardo Botelho, Neurilan Fraga (PSD), Nelson Barbudo (PSL), Carlos Fávaro (PSD), Carlos Bezerra (MDB). Adilton Sachetti (Republicanos), Nilson Leitão (PSDB) e outros.
O nome de Selma Arruda figura entre prováveis candidatos à prefeitura.
RESUMO – Allan Kardec e Mauro Mendes terão que encontrar o tempero ideal, ou cada um partir isoladamente em busca do poder na tricentenária cidade de Moreira Cabral. Também poderão buscar coligações com outros partidos. Quem sabe se mesclarem seus Bebês Johnson’s com gente do povo surjam chances, desde que a memória coletiva não sofra amnésia e Cuiabá veja Emanuel Pinheiro protaganizando aquele vergonhoso episódio da dinheirama caindo do bolso – o que lhe rendeu o apelido Paletó.
Eduardo Gomes – Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Comercial Johnson’s
2, 3 e 4 – Governo de Mato Grosso – Divulgação em site oficial
5 – Flicker de campanha eleitoral
6 – Sobre imagem da TV Glovo
7, 8 e 10 – Arquivo
8 – Facebook
Melhor ser bebê Johnson’s, que tem a pureza e o amor de uma criança, do que a malandragem de alguns adultos na política .