Políticos querem mais 20 cidades em Mato Grosso

O fogo está aceso pra fogueira da emancipação em massa de distritos mato-grossenses
Não se pode dizer quem riscou o fósforo, pois são muitas as mãos políticas que buscam espaço municipal, mas dentre as digitais que ficaram nos palitos estão as dos deputados estaduais Valdir Barranco (PT) e Dilmar Dal’Bosco (DEM) e da deputada federal petista Rosa Neide.
Isso é o que se deduz da audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira, 7, na Assembleia Legislativa, para esclarecimento aos movimentos que defendem o surgimento de 20 cidades em Mato Grosso.
O auditório onde a audiência aconteceu na Assembleia ficou lotado. Vereadores, vice-prefeitos, prefeitos e militantes partidários marcaram presença. Todos ouviram atentos sobre a barreira do governo federal para a criação desordenada de municípios, que desde 2005 não permitiu mais a redivisão territorial municipal brasileira. Uma das barreiras estabelece que no Centro-Oeste a área emancipada tenha ao menos 6 mil habitantes – nenhum dos 20 distrito se encaixa nesse quesito. Mais 35 municípios instalados não alcançam esse número de moradores (Menores municípios).
Nenhum dos distritos atende às exigências para ser cidade. O melhor estruturado é Ouro Branco do Sul, em Itiquira, na divisa com Mato Grosso do Sul, mas ainda assim a barreira legal inviabiliza sua emancipação. Porem, em todos, há movimentos organizados, basicamente formados pela classe política, mas sem participação popular significativa. Barranco viu nessa movimentação uma forma de se aproximar das chamadas lideranças locais, e leva adiante seu propósito com cobertura política de sua correligionária Rosa Neide, em Brasília, Dal Bosco, para não ser atropelado, juntou-se ao colega. Na Assembleia são muitos os parlamentares que defendem a criação das cidades.
A lista dos emancipáveis é formada por Salto da Alegria (Paranatinga), Capão Verde (Alto Paraguai), Nova Fronteira (Tabaporã), Guariba (Colniza), Nova União (Cotriguaçu), Santa Clara do Guaporé (Vila Bela da Santíssima Trindade), Rio Xingu (Querência), União do Norte (Peixoto de Azevedo), Espigão do Leste – também chamado de Baianos (São Félix do Araguaia), Novo Paraíso (Ribeirão Cascalheira), Paranorte (Juara), Boa Esperança do Norte (Sorriso e Nova Ubiratã), Cardoso do Oeste (Porto Esperidião), Santo Antônio do Fontoura (São José do Xingu), Ouro Branco do Sul (Itiquira), Conselvan (Aripuanã), Veranópolis do Araguaia (Confresa), Brianorte (Nova Maringá), Japuranã (Nova Bandeirantes) e Rondon do Parecis (Campo Novo do Parecis).

Boa Esperança do Norte é um caso especial e seu pedido de emancipação é analisado judicialmente pelo Tribunal de Justiça. Uma uma lista anterior também fazia parte Jarudore (Poxoréu), que foi retirado por conta de uma ação que reivindica sua área para a etnia indígena dos bororos.
PAPELADA – Inspirado por Barranco os interessados na emancipação criaram um grupo de trabalho com representantes dos municípios e Assembleia.
Participando da audiência o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga, sugeriu que sejam elaborados mapas das áreas emancipáveis e que os mesmos cheguem ao IBGE, que assim poderia efetuar a contagem dos moradores quando do Censo 2020. Esse mecanismo reduziria o trabalho do grupo, que teria que fazer tal contagem por meio de órgão do governo estadual.
Histórico municipal
Em 1977 quando do desmembramento de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso tinha 38 municípios. Com o avanço da colonização surgiram novas cidades a exemplo de Sinop, Sorriso, Alta Floresta, Canarana, Vila Rica, Lucas do Rio Verde, Colíder, Nova Mutum, Água Boa e outras.
Em 1º de janeiro de 2001, Mato Grosso saltou de 126 para 139 municípios, com a posse de 13 prefeitos em prefeituras instaladas naquela data. Quatro anos depois, mais dois municípios foram criados e o número subiu para 141.
Dos 15 novos municípios, somente Colniza apresentou crescimento populacional significativo. É sede de comarca e tem 38.582 habitantes. Os demais, dependem quase que exclusivamente de repasses para se manterem.
Os 13 instalados em 2001; Colniza, Rondolândia, Conquista D’Oeste, Novo Santo Antônio, Serra Nova Dourada, Bom Jesus do Araguaia, Santo Antônio do Leste, Santa Cruz do Xingu, Nova Santa Helena, Santa Rita do Trivelato, Nova Nazaré, Vale de São Domingos e Curvelândia.
Os dois instalados em 2005: Itanhangá e Ipiranga do Norte.
Menores municípios
Nortelândia 5.989
Cocalinho 5.700

São José do Xingu 5.595
General Carneiro 5.540
Porto dos Gaúchos 5.410
Acorizal 5.399
Curvelândia 5.219
Santo Antônio do Leste 5.174
Rio Branco 5.156
Novo São Joaquim 5.074
São Pedro da Cipa 4.727
Canabrava do Norte 4.743
Santa Carmem 4.525
Nova Guarita 4.519
São José do Povo 4.063
Conquista D’Oeste 4.038
Novo Horizonte do Norte 4.004
Rondolândia 4.001
Nova Nazaré 3.849
Nova Brasilândia 3.829
Tesouro 3.805
Itaúba 3.802
Nova Santa Helena 3.718
Torixoréu 3.609
Figueirópolis D’Oeste 3.494
Santa Rita do Trivelato 3.429
Salto do Céu 3.365
Nova Marilândia 3.278
Santo Afonso 3.146
Vale de São Domingos 3.127
Araguaiana 3.100
Glória D’Oeste 3.026
Porto Estrela 2.963
Indiavaí 2.752
Reserva do Cabaçal 2.732
Planalto da Serra 2.662
Novo Santo Antônio 2.640
Santa Cruz do Xingu 2.564
Ribeirãozinho 2.405
Luciara 2.077
Serra Nova Dourada 1.650
Ponte Branca 1.576
Araguainha 935
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 e 2 – JL Siqueira Assembleia Legislativa
3 – Prefeitura São José do Xingu
4 – blogdoeduardogomes em arquivo
Deveria ter estudo profundo sobre os impactos econômicos para a região emancipada, se ela tem condições de manter uma estrutura de cidade: (prefeitura, Câmara, etc), e todas as demais repartições públicas necessárias, levando em conta que os órgãos públicos assim como são benéficos, também se tornam sugadores dos recursos públicos. A região a ser emancipada deveria ter força econômica enorme para exigir a emancipação. Caso contrário, será outro tiro no pé.