Funaro e a CPI da pizza em silêncio

Pizza é o sabor das CPIs da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Em pizza foi como acabou o depoimento do ex-doleiro Lúcio Bolonha Funaro na tarde da quinta-feira, 19. Funaro seria ouvido com transmissão pela TV Assembleia e cobertura pela Imprensa, mas uma manobra encabeçada pelo deputado Dilmar Dal’ Bosco (DEM) jogou tudo por terra: as informações por ele passada aos deputados da CPI de Inquérito da Renúncia e Sonegação Fiscal foi entre quatro paredes, como recomenda o manual do bom pizzaiolo.
Funaro foi um dos principais delatores da Lava Jato e assume suas estranhas ligações com Eduardo Cunha e outras figuras da criminalidade de colarinho branco – em Mato Grosso ele é amigo de José Riva, como disse a jornalistas fora da CPI. Funaro veio a Cuiabá para ser ouvido pela CPI. Em tese o objetivo seria apurar o que levou o empresário Joesley Batista (um dos irmãos Batista) a livrar o primo Fernando Mendonça – residente em Mato Grosso – quando de sua delação premiada. Mendonça é um rico empresário ligado ao ex-governador Pedro Taques.
Para convocá-lo ao depoimento a CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal se inspirou em sua fala à CPI Nacional do JBS/Friboi, à qual disse que os Batista mentiram ao focalizarem esquemas de propina, pois teriam omitido repasse de dinheiro a Taques, supostamente via Mendonça.
Tudo o que disse Funaro, se é que disse, está blindado por uma espécie de omertà, quando deveria ser de domínio público. A condição de depoimento em sigilo foi decidida no voto pelos parlamentares da CPI. O sinal verde majoritário partiu de Dilmar, Janaina Riva (MDB) e Nininho (PSD) , com o vencido voto de Wilson Santos (PSDB) pelo acompanhamento jornalístico.
Coincidência ou não Janaína Riva é filha de José Riva, de quem Funaro diz ser amigo.
Também coincidência ou não Dilmar é irmão do ex-deputado estadual Dilceu Dal’Bosco.
Ainda envolto em densa camada para se chegar à plena verdade dos fatos, Funaro teria participado de um esquema com o dono da Cervejaria Petrópolis, Walter Faria, que tem uma fábrica em Rondonópolis (Crystal). Por fora Faria teria injetado dinheiro na campanha de Taques ao Senado, em 2010, e mais tarde, com Taques no governo, sua empresa ganhou mimos de incentivos fiscais. Ventila-se que Dilceu também poderia ter sido contemplado com a dinheirama do dono da cervejaria, para facilitar sua instalação em Rondonópolis, pois à época Dilceu teria controle sobre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
Não é possível saber o que disse Funaro nem qual o próximo passo da CPI. O que se sabe até agora é que pela primeira vez a Assembleia oferece em seu cardápio, pizza sabor silêncio.
Redação blogdoeduardogomes
FOTO: Ângelo Varela – Divulgação – Assembleia Legislativa
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