Boa Midia

Pela intervenção financeira na UFMT

Não existem duas Universidades Federais de Mato Grosso. Há somente uma, que atende pela sigla de UFMT. Mas o tratamento jornalístico que ela recebe e seu silêncio administrativo acabaram por pluraliza-la. Sem prejuízo dos holofotes e dos textos dourados dispensados à Universidade criada pelo presidente Emílio Garrastazu Médici para ser de todos os mato-grossenses, porém cobrando transparência na gestão de seus recursos bancados pelo contribuinte, a Universidade criada em 10 de dezembro de 1970 no centro geográfico do continente tem o dever legal e o compromisso social de prestar contas da dinheirama que passa por seu cofre, mas que não foi suficiente para quitar faturas de energia elétrica, o que resultou no corte do fornecimento pela Energisa em seus campi e na sua base de pesquisa no Pantanal.

O Brasil tem que ser passado a limpo. O país exige uma assepsia nos gastos e na gestão dos recursos públicos. Não basta apenas fechar o cerco sobre a classe política. Pra que a faxina produza os resultados que esperamos é preciso que ela sejam incluídos o Judiciário, Ministério Público, Forças Armadas, as universidades e escolas federais, e tudo mais que exista de institucional em todas as esferas. A necessidade dessa limpeza torna-se ainda mais cristalina na esfera mato-grossense face ao vergonhoso episódio do corte da energia da UFMT.

Isso mesmo! A querida, respeitada e admirada UFMT não está acima da lei nem do bem e do mal. Os recursos que a sustentam são públicos. Não se trata de caça às bruxas, mas da necessidade de transparência na movimentação orçamentária da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso.

Milito na Imprensa há décadas e nunca cobri reunião da reitoria da UFMT com jornalistas para discutir orçamento ou detalhar sua aplicação em informal prestação de contas. A Universidade que tanto orgulha Mato Grosso é um poço silencioso sobre seu orçamento, que é superior ao da administração direta de Várzea Grande e Rondonópolis.

Instituição difusora do saber e geradora de ciência e tecnologia, a UFMT é um grande mistério quando o assunto são os  recursos que movimenta. Seu orçamento em curso é de R$ 990.571.625. Desse montante, 99,6% são oriundos do Tesouro Nacional e 0,94% de receitas próprias. Dessa dinheirama, R$ 849.697.739 são destinados à folha salarial, R$ 121.799.277 para manutenção e R$ 9.798.881 para investimentos. Com o contingenciamento a partir de maio esse número mudará. Essa mudança tem que ser informada pela reitoria.

Reitora Myrian Serra e a gravidade do momento
Reitora Myrian Serra e a gravidade do momento

Trata-se de um orçamento salutar. 

A reitora Myrian Serra não faz uma administração transparente, a exemplo do que aconteceu com muitos de seus antecessores. A Universidade, sempre pronta ao debate ideológico, é a mesma que faz silêncio sobre seu orçamento. É preciso que se apure, o mais rápido possível, o que se passa na UFMT, que chegou ao ponto de deixar acumular seis meses sem pagamento de energia elétrica, sendo quatro faturas de 2018 e duas do corrente ano.

O corte da energia, a julgar pela forma que setores da UFMT o tratam e a reitora o antecipou, foi recebido com bons olhos, porque o mesmo  estaria associado ao contingenciamento de 30% do orçamento anunciado em 30 de abril pelo Ministério da Educação. O detalhe é que as faturas pendentes venceram antes do anúncio da redução orçamentária.

A inadimplência da UFMT com a distribuidora de energia Energisa resultou no corte do fornecimento na terça-feira, 9 deste julho. O ministro da Educação,  Abraham Weintraub, tomou conhecimento da situação no dia 11. Um jogo de palavras apresenta duas versões para o restabelecimento da energia: Weintraub teria determinado envio de recursos para tanto ou Myrian Serra teria negociado com a Energisa?  A verdade virá à tona em breve.

O episódio do corte da energia chamou a atenção sobre a UFMT deixando claro que sua gestão não prima pela competência, não se pauta pela transparência nem se deixa guiar pela ética. O governo federal, que irriga o cofre da Universidade, precisa decretar intervenção financeira na instituição e promover uma devassa em sua contabilidade, com bom recuo temporal, sem prejuízo do funcionamento dos cursos – razão de ser da instituição.

A reitora Myrian Serra e seus últimos antecessores sempre se pautaram por discurso de esquerda. Com a eleição do presidente Jair Bolsonaro esse mote ganhou mais intensidade. A direção da UFMT tenta satanizar Bolsonaro, e salvo melhor juízo, para lançar a opinião pública contra ele, não economiza em alertas sobre suposto sucateamento, incluindo o cadeado no zoológico no Campus Gabriel Novis Neves, em Cuiabá.

Uma intervenção nas finanças da UFMT mostraria o que realmente se passa naquela instituição. Também serviria para botar fim do discurso carregado de ódio contra Bolsonaro por parte do grupo ligado à reitoria e separaria o joio do trigo.

A nossa UFMT tem apenas 49 anos e está nos primeiros passos de sua caminhada. Que ela não sucumba por gestão temerária, que não seja palco de improbidade administrativa, e que sobre ela não vigore nenhuma decisão governamental que lhe subtraia os recursos necessários ao seu funcionamento.

Sem paixão ideológica. Sem retaliação ou revanchismo político. Apenas com a verdade e a lisura, que o governo federal passe a limpo a gestão financeira da UFMT, essa instituição que se agiganta pela dedicação e o compromisso de seus professores e servidores.

Que fique bem claro: a UFMT não foi criada para ser uma Universidade de esquerda, nem de direita, mas uma instituição coletiva. Que todos também saibam que a administração de seu orçamento exige transparência, decência e coerência. Não basta somente aplicá-lo sem improbidade: é preciso que a aplicação não tenha viés ideológico.

Finalizando, que a reitora Myrian Serra entenda a gravidade do momento e facilite a intervenção nas finanças pedindo que a mesma aconteça.

Não basta tirar a UFMT da escuridão pelo corte de energia. Antes de tudo é imprescindível assegurar que sobre ela paire a luz democrática do pluralismo ideológico sem o fantasma da arraigada corrupção.

Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Arquivo blogdoeduardogomes

2 – Divulgação UFMT

 

1 comentário
  1. Inácio Roberto Luft Diz

    Texto que deveria servir para reflexão, mas certamente, para alguns, será alvo de críticas por não coadunar com seu pensamento! Lógico. Quem tem coragem de escrever a verdade, sempre é mal visto, até pela falta de argumentos.

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